Coluna Almanaque: CAPÍTULOS DA ROTINA HABITUAL COTIDIANA

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O Mamoré
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Já passara uma década dos festejos com os amigos que apareciam na sua choupana dos tempos de casado para churrascos, banquetes, cachaças, cervejas, práticas culinárias, comes e bebes.  Nesta época não existia nada mais célebre abaixo da divisa do Equador do que comer, beber, escutar boas músicas e estar com os amigos. Mas nada nunca mais será do jeito que já foi um dia.


Todos os dias antes de se dirigir para o trabalho, aguava suas plantinhas na varanda e botava comida para os pássaros na parte de cima da murada da casa ao lado do cômodo de seu repouso. Achava que este tipo de relação com a botânica floral e com o mundo da paz animal em muito poderia ajudar os outros seres humanos a evitar intrigas, despeitas, rancores, invejas e decepções de espíritos. Aos 58 anos ainda se iludia com coisas que nunca vão ser possíveis. As outras pessoas não são obrigadas a serem iguais a gente. 


Para distrair, nos finais de semana ligava a televisão. Num programa o cara que apresenta falava para o calouro: - O que é que você vai cantar meu filho? Ele Está De Olho Na Butique Dela? Mudava de canal e: - Compre todos os móveis para sua casa em 24 meses sem juros nas Casas Bahia! Dava outra mexida no controle remoto: - Max Verstappen fora do circuito. Mika Hakkinem deu uma batida na chicane e também está fora da corrida. Patrick Depailler em primeiro lugar. Tudo tedioso. Tudo um embrulho. Tudo uma lavagem cerebral. 


Andava a pé pela cidade. E todos os dias passava pelo antes vistoso Mercado Público. O Mercado Público agora deprime porque se transformou num reduto para noiados e marginais. Pessoas que perderam as ilusões nas esquinas da vida. Um dia tivera veículos como motos e automóveis que poluem o ambiente. O pedestre não polui o ambiente. Se todos andassem a pé não haveria acidentes de trânsito. Nenhum atropelo com vítimas. Nenhuma batida nas esquinas. Nenhuma agonia para a chegada rápida a qualquer espaço. Nenhum estresse com as buzinas de outros veículos que azucrinam os ouvidos dos mais alesados no trânsito.


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De acordo com sua utopia deveria existir no Código de Postura Municipal o Estatuto do Pedestre. E pela cartilha vigente deste Estatuto, deveria existir um Parágrafo Único com uma cláusula de preferência de passagem para as mulheres. Melhor dizendo: preferência de passagem para as mulheres bonitas. 


Tirante o deboche, a verdade é que nos últimos tempos só conseguia sentir-se bem consigo tocando violão, ouvindo suas músicas e tomando cerveja.  Nas tardes de domingo, após lembranças amargas de fantasias mal vividas, tirava um cochilo do qual só viria despertar no início do Fantástico. Neste horário quase sempre se dirigia até uma lanchonete da praça principal a 50 metros de sua casa na intenção de degustar a saideira e ver pessoas de todas as falanges para em seguida retornar à sua cabana a fim de se preparar para a rotina da semana seguinte.








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