Claudionor (centro) toma posse como prefeito de Nova Mamoré, ao lado do juiz Paulo José Fabrício e da promotora Fernanda Pöppl. |
Educar as crianças sobre empreendedorismo para buscar reverter a
imagem negativa que a sociedade tem sobre quem decide abrir o próprio
negócio.
É essa uma das novas missões do professor de português Claudionor Leme da Rocha, 39 anos, a partir de 1º de janeiro.
Nesse dia, ele deixa o posto de agente de desenvolvimento (AD) e de
vice-prefeito para assumir, no Palácio 21 de Julho, o cargo de prefeito
do município de Nova Mamoré, localizado no sudoeste de Rondônia, a 290
km da capital Porto Velho.
“As crianças são o futuro. Fomos criados para não empreender, para
não ser empreendedor. Somos criados para ser empregado, ter emprego e
passar em concurso público. Ser empreendedor não é algo bom. Essa é a
visão da escola, é a visão da sociedade de modo geral”, afirmou o
prefeito eleito pela legenda do PDT em entrevista ao Portal do Desenvolvimento Local.
Despertar a autoestima dos empreendedores locais foi também um dos
focos de Claudionor como AD, desde que decidiu assumir, no dia 27 de
abril de 2015, essa tarefa na estrutura da administração municipal.
Mais do que nunca, o AD que venceu as eleições para prefeito
continuará engajado na defesa do crescimento econômico com apoio aos
pequenos negócios locais para a geração de renda e emprego.
“A ideia é justamente esta: continuar incentivando os pequenos
negócios, criando uma política de desenvolvimento municipal e
implementar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas”, afirmou o
prefeito eleito.
Neste ano, Claudionor deu mostra da importância do peso da função de
AD para melhorar o ambiente de negócios nos municípios. Ele e mais o AD
Claudiomir Rodrigues, também de Nova Mamoré, e Ester Caliani, de Rolim
de Moura, enviaram ofícios às secretarias municipais responsáveis por
licenciamento e delegacias da Polícia Civil recomendando a redução a
zero das taxas cobradas dos Microempreendedores Individuais (MEIs).
Nos ofícios, solicitaram que os órgãos aplicassem o artigo 4º,
parágrafo 3º da Lei Complementar 147/2014, uma das atualizações da Lei
Geral da Micro e Pequena Empresa. Tais dispositivos reduzem a zero todos
os custos que venham a ser cobrados do poder público e de entidades de
classe junto aos MEIs.
Veja os principais trechos da entrevista concedida pelo novo prefeito pelo telefone:
Portal do Desenvolvimento Local: Em primeiro lugar, gostaria que o senhor fizesse o resumo da sua trajetória profissional.
Claudionor Leme da Rocha – Meus pais eram paulistas e vieram para Rondônia na década de 1970,
Claudionor Leme da Rocha – Meus pais eram paulistas e vieram para Rondônia na década de 1970,
Claudionor Rocha: de vice-prefeito a AD e a prefeito |
PDL: Quando o senhor ingressa na política partidária?
CLR: Fui candidato a vereador em 2004. Não ganhei, fiquei como suplente. Em 2008, fui candidato a prefeito. Perdi também. Em 2012, fui candidato a vice do atual prefeito, Laerte Queiroz (PMDB). Íamos disputar juntos novamente a eleição, mas houve um problema pessoal na candidatura dele. Sempre fui envolvido, não em política partidária, mas nas causas sociais. Cresci nos movimentos sociais da Igreja Católica, de jovens, a gente sempre esteve engajado com as lutas e sempre preocupado com as questões da cidade no ambiente em que a gente vivia. E tive o incentivo de alguns amigos que achavam que a gente poderia contribuir para o meio político.
CLR: Fui candidato a vereador em 2004. Não ganhei, fiquei como suplente. Em 2008, fui candidato a prefeito. Perdi também. Em 2012, fui candidato a vice do atual prefeito, Laerte Queiroz (PMDB). Íamos disputar juntos novamente a eleição, mas houve um problema pessoal na candidatura dele. Sempre fui envolvido, não em política partidária, mas nas causas sociais. Cresci nos movimentos sociais da Igreja Católica, de jovens, a gente sempre esteve engajado com as lutas e sempre preocupado com as questões da cidade no ambiente em que a gente vivia. E tive o incentivo de alguns amigos que achavam que a gente poderia contribuir para o meio político.
PDL: Quando o senhor começa a se aproximar das micro e pequenas empresas e do desenvolvimento local?
Fui eleito vice-prefeito em 2012. Havia um funcionário da prefeitura, Claudiomir Rodrigues, que também era agente de desenvolvimento. No ano passado, ele me chamou para participar e ser também agente de desenvolvimento. Eu achei interessante, e eu participei de curso avançado de agente de desenvolvimento. O que me motivou foi o próprio nome – agente de desenvolvimento, ou seja, alguém, que pode contribuir com o desenvolvimento. Eu não estava enganado. Agente de desenvolvimento é realmente aquele que faz agir, faz acontecer, articular, que promove, que corre atrás para que o desenvolvimento realmente aconteça. E aí junto com ele, começamos a trabalhar essa questão da implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município, a implantação da Sala do Empreendedor e aí me engajei na questão dos pequenos negócios. Você acaba também se envolvendo em outras áreas, como educação, por exemplo.
Fui eleito vice-prefeito em 2012. Havia um funcionário da prefeitura, Claudiomir Rodrigues, que também era agente de desenvolvimento. No ano passado, ele me chamou para participar e ser também agente de desenvolvimento. Eu achei interessante, e eu participei de curso avançado de agente de desenvolvimento. O que me motivou foi o próprio nome – agente de desenvolvimento, ou seja, alguém, que pode contribuir com o desenvolvimento. Eu não estava enganado. Agente de desenvolvimento é realmente aquele que faz agir, faz acontecer, articular, que promove, que corre atrás para que o desenvolvimento realmente aconteça. E aí junto com ele, começamos a trabalhar essa questão da implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município, a implantação da Sala do Empreendedor e aí me engajei na questão dos pequenos negócios. Você acaba também se envolvendo em outras áreas, como educação, por exemplo.
PDL: Como foi sua atuação como AD?
CLR: Uma das questões que me dediquei foi na questão da compra de 30% da merenda escolar junto aos agricultores familiares. Eu detectei que esse índice não estava sendo alcançado. Eu mobilizei a Secretaria de Educação. Conversei com os diretores das escolas. Neste ano o Sebrae trouxe um consultor para fazer esse trabalho de esclarecimento. Às vezes os recursos da escolas são poucos, e o agricultor não tem interesse de fornecer para a merenda escolar. Atuei mais na área de articulação, até porque o cargo de vice-prefeito me ajuda e tentando aparar algumas arestas, porque a função da Sala do Empreendedor, do AD e do Microempreendedor Individual, às vezes, não é muito bem entendida.
CLR: Uma das questões que me dediquei foi na questão da compra de 30% da merenda escolar junto aos agricultores familiares. Eu detectei que esse índice não estava sendo alcançado. Eu mobilizei a Secretaria de Educação. Conversei com os diretores das escolas. Neste ano o Sebrae trouxe um consultor para fazer esse trabalho de esclarecimento. Às vezes os recursos da escolas são poucos, e o agricultor não tem interesse de fornecer para a merenda escolar. Atuei mais na área de articulação, até porque o cargo de vice-prefeito me ajuda e tentando aparar algumas arestas, porque a função da Sala do Empreendedor, do AD e do Microempreendedor Individual, às vezes, não é muito bem entendida.
Às vezes, o secretário acha que o MEI traz prejuízo para o município,
não é importante. Aí esse também foi o meu papel de tentar desconstruir
essa visão equivocada, principalmente quando é essa questão de
arrecadar. “Ah, o MEI não vai pagar o alvará, é isento disso e daquilo,
traz prejuízo para o município”. Aí a gente tenta mostrar o outro lado,
que o MEI, além de estar resolvendo um problema dele, que é a questão da
Previdência, é um a menos que vai estar na porta da prefeitura pedindo
uma passagem, uma cesta básica. É um a menos que saiu da informalidade.
PDL: Prefeito, como o senhor era vice-prefeito, como foi
assumir a função de AD, designado pelo então prefeito? Sofreu algum
comentário de que o senhor estaria assumindo, digamos assim, uma função
menos nobre?
CLR: Até que não. Só que às vezes as pessoas não se dão conta realmente da importância do agente de desenvolvimento no âmbito do município, na articulação das políticas públicas. Eu particularmente, não. Mas agora algumas pessoas podem ter enxergado de uma forma não positiva.
CLR: Até que não. Só que às vezes as pessoas não se dão conta realmente da importância do agente de desenvolvimento no âmbito do município, na articulação das políticas públicas. Eu particularmente, não. Mas agora algumas pessoas podem ter enxergado de uma forma não positiva.
PDL: Como foi a ação em que o senhor, mais o outro AD do
município e a AD Ester Caliani, de Rolim de Moura, pediram aos órgãos
municipais e às delegacias de policia que deixassem de cobrar taxas de
MEIs?
CLR: A gente articulou isso porque os MEIs viviam
reclamando. O Claudiomir conversou com o delegado de polícia, e o
delegado pediu que se fizesse um documento. Também a colega de Rolim de
Moura participou dessa articulação. Um mês atrás um agente de
desenvolvimento do Pará [Miguel Bentes, do município de Terra Santa]
mandou um e-mail para nós pedindo informações de como proceder nesse
caso.
PDL: Como AD, o senhor percebeu que há muito desconhecimento da Lei Geral?
CLR: Com certeza.
PDL: Recentemente, vocês veicularam um programa sobre a
implantação do Procon em Guajará-Mirim, que vai ter atuação também em
Nova Mamoré?
CLR: O pessoal do Procon estava fazendo visita ao comércio de Nova Mamoré. E a gente articulou essa visita com a associação comercial de Nova Mamoré e com os empresários do município para falar como o Procon funciona e mesmo para orientar porque as pessoas ficam meio apreensivas. Esse papel fiscalizador do Procon às vezes traz um certo medo. Fizemos a reunião com eles para tirar esse mito de questão fiscalizadora e mostrar mais um caráter educativo. A visita que eles fizeram foi mais educativa mesmo.
CLR: O pessoal do Procon estava fazendo visita ao comércio de Nova Mamoré. E a gente articulou essa visita com a associação comercial de Nova Mamoré e com os empresários do município para falar como o Procon funciona e mesmo para orientar porque as pessoas ficam meio apreensivas. Esse papel fiscalizador do Procon às vezes traz um certo medo. Fizemos a reunião com eles para tirar esse mito de questão fiscalizadora e mostrar mais um caráter educativo. A visita que eles fizeram foi mais educativa mesmo.
PDL: E os seus planos?
CLR: A ideia é exatamente esta: continuar incentivando os pequenos negócios no âmbito dos municípios, criar uma política de desenvolvimento, implementar a Lei Geral, que ainda não está totalmente implementada. E também incentivar o empreendedorismo no âmbito da educação. As crianças são o futuro. Fomos criados para não empreender. Somos criados para ser empregados, ter emprego e passar em concurso público. Ser empreendedor não é algo bom. É a visão da sociedade de modo geral. Vamos também trabalhar nessa questão da merenda escolar. Vamos também fazer parcerias com diversos órgãos, como o Sebrae, com o qual temos um projeto em andamento, que a melhoria da qualidade da produção do leite de 40 produtores rurais em dois anos.
CLR: A ideia é exatamente esta: continuar incentivando os pequenos negócios no âmbito dos municípios, criar uma política de desenvolvimento, implementar a Lei Geral, que ainda não está totalmente implementada. E também incentivar o empreendedorismo no âmbito da educação. As crianças são o futuro. Fomos criados para não empreender. Somos criados para ser empregados, ter emprego e passar em concurso público. Ser empreendedor não é algo bom. É a visão da sociedade de modo geral. Vamos também trabalhar nessa questão da merenda escolar. Vamos também fazer parcerias com diversos órgãos, como o Sebrae, com o qual temos um projeto em andamento, que a melhoria da qualidade da produção do leite de 40 produtores rurais em dois anos.
Queremos intensificar essa questão da participação dos pequenos
negócios nas compras municipais e avançar na consolidação da Rede
Simples.
PDL: Na sua atuação como AD, o senhor acha que houve uma melhoria no ambiente para os pequenos negócios no se município?
CLR: Sim, houve porque a gente conseguiu tirar
muitas pessoas da informalidade. Nesse pouco espaço de criação da Sala
do Empreendedor, a gente conseguiu capacitar os empreendedores com
alguns cursos, algumas oficinas que foram realizadas. As pessoas
passaram a tomar conhecimento do que é ser um empreendedor. Não existia
nada aqui. Nossa cidade não tem Sebrae. Só em Guajará-Mirim, que fica a
42 km. Então, as pessoas não vão porque acham que é muito distante.
Acham que o Sebrae é para os grandes A gente conseguiu se aproximar do
pequeno empreendedor, a mulher que faz salgadinho, o homem que vende
salada de frutas, o outro que faz pinturas nas casas. Isso fez com que
eles saíssem da informalidade, adquirissem essa personalidade jurídica
de MEI – e, mais do que isso, incorporassem isso de se ver como um
empreendedor, como dono de um negócio, e não como alguém que está
fazendo aquilo como bico.
PDL: E a crise?
CLR: As transferências têm caído. Temos que procurar outras fontes de receitas para equilibrar as contas das prefeituras.
CLR: As transferências têm caído. Temos que procurar outras fontes de receitas para equilibrar as contas das prefeituras.
Fonte: Assessoria Portal do Desenvolvimento Local.