Com o resultado de 9.576 procedimentos na última viagem que realizou
pelo Vale do Guaporé e Mamoré, o Barco Hospital Walter Bártolo ancorou
de volta em Guajará-Mirim carregado de histórias e de muita
solidariedade humana, que desconhece fronteira e raça em nome do amor e
da fraternidade, que dignifica e une todos os povos.
Ancorado em Guajará Mirim, de onde partiu dia 27 de novembro, o Barco Hospital de Rondônia realizou 9.576 procedimentos na região |
Segundo a técnica Alessandra Costa, coordenadora do projeto do Barco
Hospital, a viagem que começou dia 27 de novembro partindo de
Guajará-Mirim percorreu as localidades de Barranquilha, Deolinda,
Sotério, Bom Jesus e São João, pelo rio Mamoré; e Surpresa, Sagarana,
Baía da Coca, Pedral, Fazendinha, Ricardo Franco e Baía das Onças, pelo
rio Guaporé, no atendimento a milhares de pessoas dessas comunidades e,
principalmente, de indígenas de comunidades de difícil acesso, e até de
pessoas da República da Bolívia, que como todos buscam atendimento no
barco.
Ela informou que ao todo a equipe é formada por 12 profissionais de
saúde, entre médicos, enfermeiros, biomédicos, farmacêuticos, técnicos e
outros; dois técnicos do Instituto de Identificação, dois assistentes
sociais, dois dentistas, três militares, a coordenação e os tripulantes e
apoio, além da equipe da Justiça Rápida que também atuou nesta viagem e
realizou muitos atendimentos. O relatório da coordenação registrou 523
famílias com o atendimento de 1.122 pessoas e um total de 9.576
procedimentos, englobando as consultas médicas, serviços laboratoriais,
enfermagem, farmácia, coleta de preventivo, nebulização, vacinação,
assistência social, serviços odontológicos e de identificação
(identidade), entre outros, que ficaram marcados também por um conjunto
de ações sociais e legais, que levaram esperança, solidariedade e
cidadania para essas comunidades distantes dos olhos do Poder Público.
ATENDIMENTO ESPECIAL
A terceira jornada do Barco Hospital Walter Bártolo pelos Mamoré e
Guaporé registrou cenas e histórias da região, incapazes de serem
pensadas, por inusitadas que são. Na comunidade de Baía das Onças, por
exemplo, o policial militar Fágner Saraiva, da Casa Militar, carregou
nos braços a indígena Isabel Canoé, de 90 anos, da Etnia Wajuru,
descendo um barranco de mais de 50 metros de altura na margem do rio
Guaporé, para receber atendimento no barco. São casos como este, segundo
Alessandra Costa, que estimulam a equipe a ir mais além para levar o
apoio do governo do estado a essas comunidades, conforme orientação do
próprio governador Confúcio Moura.
EMERGÊNCIA NO RIO
O policial Fágner Saraiva desce um barranco de mais de 50 metros de altura com a anciã Isabel Canoé nos braços para receber atendimento |
A coordenadora citou especialmente o caso da menina boliviana Soufia
Ortiz, de 12 anos, que sofreu um grave acidente de moto e passou quatro
dias na selva, carregada pelo pai, até chegar ao distrito de Surpresa,
onde foi atendida pelos médicos do Barco Hospital.
Com o baço estourado, perna quebrada e uma série de outras
complicações internas, ela recebeu atendimento emergencial, foi
medicada, e em seguida levada para Guajará-Mirim, onde foi submetida a
tratamento especializado e está se recuperando bem. Alessandra Costa
explicou que como este são muitos os casos de pacientes da Bolívia
atendidos no Barco Hospital.
JUSTIÇA NO MEIO DO RIO
Outra novidade desta última jornada do Walter Bártolo pelos rios
Mamoré e Guaporé foi a atuação do Poder Judiciário de Rondônia com o
projeto da Justiça Rápida, coordenado pelo juiz de direito Johnny Clemes
e sua equipe, que produziu uma série de sentenças judiciais, com a
celebração de vários acordos, divórcios e pouco mais de 20 casamentos,
serviços e medidas bem recebidos em todas as localidades e no beiradão.
Segundo a coordenadora, este é um serviço essencial em todas as
comunidades do Vale do Guaporé/Mamoré, por sua condição geográfica e
pela distância dos grandes centros. Assim como na área urbana, também no
barco seu objetivo é o mesmo, de promover a justiça gratuita à
população, dando solução para questões em praticamente todas as esferas,
Cível, Criminal, Infância e Juventude, Família e Registros Públicos,
“com especial atenção às comunidades distantes dos centros urbanos e nas
regiões ribeirinhas como esta”, disse.
PLANEJAMENTO PARA 2017
A equipe da Unidade de Saúde Social Fluvial Walter Bártolo (Barco
Hospital) já está planejando para 2017 a ampliação do trabalho de
atendimento a partir de 19 de fevereiro, pretendendo chegar à cidade de
Pimenteiras, no coração do Vale do Guaporé, contando para isso com o
aumento do volume das águas dos rios, com as chuvas, fator que favorece a
navegação no Vale.
Ela disse também que da mesma forma que pretende ampliar o número de
localidades para atendimento vai ampliar os serviços oferecidos no
barco, especialmente na área de saúde, que passará a contar com médicos
especialistas em oftalmologia, ginecologia, dermatologia e até com
profissionais em fonoaudiologia para poder prestar melhores serviços a
todas as comunidades da região.
Fonte: Secom - Governo/RO.