Bebê foi transportada em voo do GOA e com auxílio de incubadora neonatal |
Uma jovem
mãe em trabalho de parto e distante de um hospital. A situação crítica
ocorreu em 2015, no município de Guajará-Mirim, e deu visibilidade
nacional para o Grupo de Operações Aéreas (GOA) do Corpo de Bombeiros
Militar de Rondônia. O parto aconteceu a bordo do avião Cessna 210.
O
nascimento da menina Alice é lembrado até hoje com grande orgulho por
toda equipe que trabalha com afinco para garantir agilidade nas missões
do GOA, considerado referência nacional no atendimento aeromédico do
Brasil. Com quase cinco anos de atuação, o grupo já realizou mais de
1.5 mil missões.
Segundo o
subcomandante do GOA, 1° tenente João Luiz Cordeiro Júnior, o grupo está
presente em momentos de grande alegria como o nascimento de uma
criança, mas também recebe missões difíceis, como o transporte de
pacientes com câncer em estado terminal, que têm como último desejo
morrer próximo aos familiares que moram em outros estados.
‘‘O GOA foi
criado na gestão do governador Confúcio Moura [em 2012]. Na época, o
comandante do Corpo de Bombeiros era o coronel Lioberto Ubirajara
Caetano, agora secretário de Segurança, que sempre foi um comandante
visionário. Ele vislumbrou a aviação, apostou nesta ideia e conseguiu
trazer para a realidade de Rondônia’’, disse o tenente.
O grupo
nasceu com a proposta de dar o suporte necessário às Operações Aéreas de
socorro, entre elas transporte aeromédico que inclui a remoção aérea de
urgência e emergência relacionada ao resgate e salvamento; atende ao
Programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), além de transporte de
medicamentos e de órgãos de outros municípios para Porto Velho.
‘‘Rondônia é
pioneiro no Brasil em se tratando de aviação do Corpo de Bombeiros no
transporte aeromédico. Já cumprimos missões nas cinco regiões
brasileiras. O Goa representa economia para os cofres públicos se
comparado ao contrato do serviço particular’’, afirmou, completando que
um trabalho preciso que faz toda a diferença para aqueles que não podem
perder tempo. ‘‘Graças ao GOA muitos pacientes conseguiram receber
atendimento médico com agilidade, o que evita sequelas graves e até
mortes’’, contou.
O
subcomandante recorda uma missão que ao transporte aeromédico fez a
diferença. ‘‘Em Vilhena, nós já estávamos preparando para decolar, e
fomos acionados pelo diretor do hospital do município que nos relatou
que um açougueiro tinha cortado o punho e que se ele não estivesse em
Porto Velho em duas horas iria perder a mão. Nós transportamos este
paciente e fomos informados que devido à agilidade no deslocamento ele
não perdeu a mão’’, disse.
ADVERSIDADES
O GOA de
Rondônia tem como comandante o capitão Philipe Rodrigues Maia Leite, e
possui um papel estratégico por atuar em um estado amazônico, cortado
por rios e com uma densa floresta. ‘‘Nós temos uma situação atípica na
nossa região amazônica. Primeiro devido aos poucos acessos terrestres
devido à presença da floresta; e nossa outra opção ser via fluvial.
Outra questão é o nosso clima, quente e úmido, com períodos bem
definidos de muita seca ou muita chuva, e isso dificulta bastante nossa
atuação’’, ponderou.
O GOA
supera os desafios amazônicos para garantir segurança e agilidade nas
missões. ‘‘Do distrito ribeirinho de Surpresa até o município de
Guajará-Mirim, por exemplo, o tempo de viagem é de cerca de nove horas
de barco, já de aeronave o mesmo trajeto é feito em uma hora e meia.
Agora imagine um paciente grave ter que ir de barco durante todo esse
tempo, então a população de Rondônia tem ganhado muito com o trabalho
ágil do GOA’’, considera o subcomandante.
Além da
assistência na área da saúde, o grupo é responsável por dar apoio em
caso de calamidades naturais e no combate a crimes ambientais. ‘‘Nós
tivemos uma atuação intensa na cheia atípica de 2014. Foi um ano que
transportamos bastante ribeirinhos, principalmente em Guajará-Mirim e
Nova Mamoré. Também damos apoio à Polícia Ambiental em caso de
desmatamento’’, contou.
EVOLUÇÃO
Segundo o
subcomandante, o grupo é composto por nove pilotos, três mecânicos, sete
tripulantes e uma enfermeira, além de dois médicos cedidos pela
Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau). ‘‘Todos são muito
comprometidos, até porque não temos horário para terminar a missão.
Estamos de prontidão 24 horas por dia, de domingo a domingo’’, destacou,
afirmando que nesses quase cinco anos de atuação, o Goa realizou cerca
de 800 missões com aproximadamente 2.5 mil horas de voos.
Atualmente,
o GOA conta com quatro aeronaves, duas delas em atividade. ‘‘Iniciamos
com o resgate 01, que é um bimotor Baron doado pela Polícia Militar de
São Paulo para o trabalho conjunto do Corpo de Bombeiros e da Polícia
Rodoviária Federal. Em 2014, recebemos a segunda aeronave, um Cessna 210
monomotor; e em 2015 recebemos mediante ação do Ministério Público do
Trabalho o helicóptero [Esquilo]; e no final do mesmo ano finalizou a
licitação de uma aeronave Grande Caravan’’, detalhou.
De acordo
com o subcomandante do GOA, o helicóptero Esquilo, com capacidade para
seis ocupantes, passa por manutenção, e a expectativa é que ainda neste
ano já inicie as atividades. O subcomandante comemora também a aquisição
da Grande Caravan, comprada nova através do fundo perdido (sem
necessidade de reembolso) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES).
‘‘Se
tratando de turbo-hélice monomotor é a melhor do mercado. Pode carregar
até 12 pessoas e até duas macas e pode fazer inúmeras missões, como
transporte de tropa, de carga, aeromédico, transporte de órgãos,
monitoramento e ações de apoio à Defesa Civil’’, garante.
A inclusão
da Grande Caravan na frota do GOA representa melhoria e ampliação dos
serviços aéreos oferecidos no estado. O helicóptero deve começar a ser
usado nas missões ainda este ano, aguarda apenas o processo licitatório
de peças pendentes.
‘‘Com a
chegada desse helicóptero aumentam nossas opções de pouso, o que
permite, por exemplo, o resgate em rodovias, pois com as aeronaves
ficamos com os pousos restritos aeródromos, já com o helicóptero
podermos pousar em rodovias, campo de futebol e vamos conseguir também
atender ainda melhor as áreas ribeirinhas e permitir a realização de
missões no período noturno. É um ganho muito grande’’, avalia o
subcomandante.
Fonte: Secom