Seis
procuradores da República, do Ministério Público Federal em Rondônia
(MPF/RO), participaram de uma reunião ontem (22) pela manhã, em Cacoal,
com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antônio Costa, e
trataram sobre alguns dos principais problemas que afetam as etnias do
estado: funcionamento das bases da Funai nas terras indígenas, proteção
territorial e fortalecimento das coordenações locais da autarquia.
Um
dos pontos principais da reunião foi quanto às obras de compensação
socioambiental em terras indígenas. Grandes empreendimentos como as
usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e obras da BR-429
afetaram, direta ou indiretamente, terras indígenas. Uma das formas de
compensação foi a construção de bases de apoio para a Funai dentro de
seis terras indígenas: Kaxarari, Karitiana, Karipuna, Uru Eu Wau Wau,
Rio Branco, Igarapé Lage e Igarapé Ribeirão.
O
MPF/RO relatou que os empreendimentos apontaram que a Funai não fez o
recebimento das obras e por isso as bases não estão em funcionamento. O
presidente da Funai comprometeu-se a enviar na próxima semana um
relatório sobre a situação de todas as obras das bases e também agendar
uma reunião com a participação dos empreendimentos e do MPF/RO para
solução dos problemas que impedem o início do funcionamento das bases.
Durante
a reunião, os procuradores da República também manifestaram preocupação
quanto à redução de recursos da Funai, com a diminuição de 108 cargos
públicos e extinção de 53 coordenadorias técnicas locais em todo o país.
Eles também consideram que a contratação de 220 novos servidores do
recente concurso público não será suficiente para suprir a necessidade
de pessoal na Funai, especialmente porque há muitos funcionários prestes
a se aposentar. Além disso, os novos concursados são de nível superior e
há também carência de servidores de nível médio para os serviços
operacionais nas aldeias.
Outro
ponto discutido foi a mineração em terras indígenas. Sobre este
assunto, Antônio Costa propôs a realização de um seminário
interinstitucional com a participação de lideranças de etnias afetadas
pela mineração ilegal em suas terras. Este seminário deve ocorrer ainda
no primeiro semestre deste ano.
Os
procuradores ressaltaram que as terras indígenas e as unidades de
conservação federais são as áreas onde as florestas ainda são
preservadas em Rondônia. Por isso, a pressão de madeireiros, posseiros e
outros invasores é constante. O presidente da Funai se comprometeu a
fortalecer as três coordenações locais da Funai, em Guajará-Mirim,
Ji-Paraná e Cacoal. Ele disse que tem percorrido o país para verificar
de perto a situação dos povos indígenas e tem buscado recursos federais
para aparelhar as coordenadorias locais.
Participaram
da reunião os procuradores da República que atuam na questão indígena
em Rondônia: Daniel Lobo e Reginaldo Trindade (do MPF em Porto Velho),
Joel Bogo (Guajará-Mirim), Alexandre Ismail Miguel (Ji-Paraná), Leandro
Musa de Almeida e José Mário do Carmo Pinto (Vilhena). Também estavam
presentes os coordenadores locais da Funai em Guajará-Mirim, Ji-Paraná e
Vilhena; o procurador federal que atua junto à Funai, Eduardo Félix da
Cruz.Fonte: Assessoria