Coluna Almanaque - LIBERDADE, AINDA QUE TARDIA

Por Fábio Marques
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O Mamoré
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Por Fábio Marques
Desde priscas épocas que venho tentando ser um homem livre. E acho que a função de todos que habitam este planeta é buscar a liberdade a cada milésimo de segundo. A liberdade porém, não é algo que se peça, que se compre, pela qual se implore, pois se existe alguém que te pode dar liberdade, este alguém também pode tira-la. Liberdade é uma coisa que se conquista e se conquista de dentro para fora e vice-versa. O lugar primeiro onde a gente deve procurar a liberdade é dentro de nós mesmos.
A liberdade às vezes nos contraria porque ela pode tornar-se uma espécie de cárcere e isso porque ela nos obriga a usar uma ética demasiada humana contra uma sociedade doente que se habituou à uma ética carrasca. A liberdade, como dizia Nieztche, conduz à solidão, ao desprezo, à rejeição, ao desespero, à loucura, à prisão, à tortura e à morte. A liberdade obriga o ser humano a pensar e para muitos pensar dói pra cacete. Para esses muitos a liberdade é o próprio diabo, isso porque a liberdade leva ao pensamento e pelo livre-pensar eles descobrem que sempre foram escravos. Todos nós somos escravos duma nojenta corja de patifes escrotos, mas não queremos nos dar conta disso.
O status quo vigente nos diz que segundo as leis do mercado só vence na vida os mais fortes, os mais capazes e os mais ricos e safados. Nos últimos tempos os pedintes, os pés-inchados, as putas, os balconistas, as empregadas, os vigias, os bancários, os gerentes, os professores, os autônomos e os jornalistas começaram a se dar conta de sua condição de escravos. Começaram a se perguntar se a vida era só isso: estudar, trabalhar, casar, ter filhos, comprar uma casinha, assistir à um futebol na TV às quartas e domingos e depois morrer.
E o pior é que os patifes e escrotos ainda nos dizem que a gente devia era se dar por satisfeitos por termos um emprego e por pagar impostos por serviços (água, luz, telefonia, saúde, escola) que a gente não tem. E mais: que muito em breve os empregos vão desaparecer e serão substituídos por mão-de-obra eletrônica e robôs autônomos. Os pobres empregados sabem muito bem que somente o maior capacho e puxa-saco chegará à gerente mas mesmo assim estão satisfeitos com um emprego de merda, pois a mulher também trabalha, os filhos trabalham e a instituição família que vá para os quintos do inferno, ou seja, estão todos contentes com a sua função de escravos, desde que assalariados.
Então é sabido que os homens até pensam mas nunca se rebelam. E não se rebelam porque tem que dar duro para garantir o mínimo para suas famílias, ou às vezes porque não tem tempo ou porque não podem perder um capítulo da novela, ou ainda porque precisam economizar para bancar os estudos dos filhos, o próprio filho que um dia dará uma festa e o fará comer nos fundos da cozinha. O homem é um idiota que nasceu para acreditar no poder e obedecer. E a obedecer tudo sem questionar nada, até aquelas ordens que lhe dizem que pode viver com um salário mínimo sem morrer de fome, afinal, quem tem um emprego, não importa o quanto ganhe, acertou na loteria.
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