Filme documental tem previsão de lançamento para 2018 |
Após o tratado de Petrópolis, de de onde se deu origem a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, os soldados foram impulsionados pelo segundo ciclo da borracha, com a promessa da Era Vargas do progresso da região Amazônica sobre a colonização, nordestinos de boa parte do Ceará aceitaram a proposta de defender o Brasil na Segunda Guerra Mundial e se mudaram para o então ex-território de Rondônia.
Com uma forte dose de crítica social, característica intrínseca das obras do autor A Guerra da Borracha vem resgatar as mazelas enfrentadas pelos soldados, como a pobreza,doenças, mortes e esquecimento junto às injustiças que os soldados ainda continuam sofrendo até hoje. O filme traça em um panorama histórico o tema na perspectiva do Brasil confrontando com a dos Estados Unidos, intencionalmente para ressignificar a importância de um assunto invisível para o mundo.
O cineasta esteve no dia 22 de abril em Porto Velho para uma série de gravações com os soldados que ainda residem na capital, segundo ele foi experimentada uma série de sensações, dentre elas a emoção de poder conhecer pessoalmente os combatentes.
“O filme é uma denúncia, que resgata as injustiças sociais sofridas por este povo, fora da região norte este tema não é conhecido, o público vai se surpeender e se emocionar, é uma verdadeira denúncia na área dos direitos humanos, priorizamos as filmagens em Porto Velho e Guajará-Mirim, pois são cidades referências para o filme A Guerra da Borracha”.
Wolney Oliveira é formado pela Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños em Cuba, começou a produzir seus primeiros trabalhos na década de 80, premiado com diversos prêmios do cinema nacional e internacional como o Festival de Cinema Latino-americano de Trieste na Itália, o cineasta conta as dificuldades de se produzir audiovisual no país:
“É complicado categorizar todas as dificuldades, principalmente agora que estamos em um país dividido, mas apesar de todos os problemas políticos e econômicos que também ressoa no audiovisual, o setor ainda detém muitos dos recursos, a exemplo da Agência Nacional de Cinema que este ano dispõe de 600 milhões de reais para as produções de filmes e minisséries, 30% desta quantia é revertida para as regiões Norte e Nordeste, mas entre ambas a região norte é ainda muito carente na produção de vídeos, os maiores centros de produção são em Manaus e Belém, Porto Velho existe muito pouco, tiro como exemplo o filme A Guerra da Borracha, eu tive que ir aí para poder gravar, quando era para esta ser uma produção aí da região, é necessário que exista mais cineastas e que tenham mais investimentos e incentivos para o audiovisual em Porto Velho. Outra dificuldade é que apesar que o Brasil contar com 150 mil produções por ano, nem todos esses longas chegam às salas de cinema, muitos deles ficam parados nas prateleiras, o que prejudica o nosso trabalho, pois todo artista almeja que o seu trabalho seja visto”.
Em julho de 2015 Wolney escreveu o livro Soldados da borracha. Os heróis esquecidos, fruto dos primeiros contatos do autor sobre o tema, junto ao Sindicato da EFMM é especulada a possibilidade do lançamento oficial do livro entre junho e agosto deste ano em Porto Velho.
Já o filme A Guerra da Borracha que teve suas gravações iniciadas em 2012 e contou com seu desfecho na região norte, segue em fase de edição, mas a obra antes de ser aberta às salas de cinema vai concorrer aos festivais nacionais e internacionais, tendo previsão de estreia para setembro de 2018.