Por Fábio Marques
* Das duas uma: ou este escriba é o cara mais bonito da
cidade ou então o mais inteligente. Pode ser também que eu seja as duas
coisas. O fato é que não sei por que cargas d’água, tudo o que discuto
ou escrevo é motivo de polêmica. Tem gente inclusive que faz questão de
sentar-se à mesa ao lado da minha somente com o intuito de escutar
minhas conversas para levar para diante. No entanto não me acho um cara
inteligente. Ao contrário. Quanto mais eu leio, mais me deprimo por
descobrir o quanto ainda sou ignorante.
A menção de
fatos e coisas se deve a um incidente que ocorreu há tempos passados e
envolveu gente cujas alegorias em sua imagem podem até não ter nada a
ver com o seu caráter, mas sem que se perceba, ficam gravadas “ad
infinitum” no consciente inconsciente. Gostaria de realçar que nada
tenho contra nenhum servidor público desta grande aldeia Guajará. Todos
sempre me trataram com respeito sem deixar de cumprir com suas
obrigações. No caso em enfoque, o problema foi puramente pessoal deste
tipo de gente contra este crítico social. Na época, creio que
faltava-lhe ainda o fio condutor para o ajuizamento lógico da razão e da
crítica hermenêutica. Ou poderia ser também inveja de um intelecto
formado às custas de muito lastro literário do lado de cá, em detrimento
de carências de verniz cultural do lado de lá. O fato é que fui tratado
como marginal pelo cidadão que na falta de capacitação para atender com
cortesia o público, resolveu aflorar seus instintos mais neolíticos em
forma de “gêiseres”.
Por não ter mais idade e muito
menos culhões para agüentar este tipo de coisa, foi que como cidadão
ciente de meus deveres e obrigações, procurei a chefia geral da
instituição onde este ferrabrás prestava serviços laborais a fim de que o
mesmo pudesse buscar uma solução para esta querela com base no
pressuposto do bom senso e da razão e sem descambar para o
corporativismo ou para os embaraços da burocracia. O Chefia, gente de
fino trato, me recebeu com a maior amabilidade e prometeu-me que iria
resolver este qüiproquó. Agradeci sua atenção e pedi-lhe desculpas por
ter que levar este tipo de transtorno para sua oficina de trabalho.
Quero dizer que em passado remoto tal figura já fez parte do
“metié” e do convívio de meus convivas. O problema é que a despeito de
amizades de anos e anos com colegas que às vezes me censuram, mas que
também correspondem aos excessos de qualidades recíprocas entre
“nosotros”, este sujeito uma vez incrustado na confraria achou-se no
direito de intervir em coisas onde não havia sido chamado, algumas vezes
faltando com respeito até às opiniões favoráveis de amizade destes
confrades para com as minhas convicções de caráter insigne nesta
plêiade, buscando talvez a desunião da sincronia que ali existia.
Mas, uma vez findados todos os momentos de opções por cores
políticas, o sectarismo – sobretudo este que se desprende das raízes
para se afixar no plano verbal – parece ser aparato de pouca valia na
construção da democracia. Aliás, não costuma ser eficiente nem em mesa
de boteco, conforme atestam tantas amizades desfeitas a goladas.
*Da seleção Melhores Crônicas do autor.
Apoio Cultural:
A TONGA DA MIRONGA DO CAXINGUELÊ*
Por Fábio Marques
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novembro 21, 2017
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