Por Fábio Marques
Algumas palavras estão tão centradas em minha cabeça que
acredito que se existir alma, é na consciência da alma que elas se
alimentam todos os dias. Meu saudoso pai era um homem de poucas
palavras, mas era um homem de bom coração. Foi meu pai quem me disse a
seu modo palavras que mesmo que eu quisesse jamais irão me abandonar.
Falou-me sobre honra de maneira rústica, mas de tal forma que assim como
ninguém pode viver sem respirar, também não posso viver sem este
exemplo. Ao saber que eu havia dado “catrepe” num gibi da banca do velho
Chico Paca, depois de me dar uma surra me disse: “Homem que é homem não
mente e não rouba. O homem que mente e rouba pode até viver numa boa,
mas será uma vida sem honra. Quem mente e quem rouba pode até ficar
rico, mas jamais vai ter a confiança de ninguém porque todo mundo vai
saber que ele não passa de um mentiroso e de um ladrão”.
Talvez tenham sido estas palavras que me levaram a escrever. E em
todos os meus escritos, tenho sempre buscado denunciar a verdade que se
oculta por detrás dos fatos impostos goela-abaixo pelos homens sem
honra. É claro que já escrevi coisas das quais hoje me arrependo, mas
juro que quando escrevi achava que fossem verdades. Outras vezes disse
verdades que não deveriam ser ditas, porque além de não beneficiar
ninguém, prejudicou algumas pessoas. Mas de lá para cá nunca traí meu
pai em momento algum.
Notícias da semana: Clientes da
Eletrobras, além de herdarem dívida ficam sem energia; Problema da falta
de água já virou sacanagem; Radialista diz que não há problema de falta
de água e que tudo é intriga da oposição; Imprensa do rádio anuncia que
na cidade vai tudo às mil maravilhas; Al Qaeda quer que Donald Trump se
converta ao Islamismo e implante regime Talebã nos “Istêites”; Assessor
de deputado é flagrado com cocaína em ônibus; Dono de empresa diz que
na prefeitura quem manda é ele; e vou parando por aqui porque vou
vomitar...
O pior é que essas notícias são dadas pela
nossa imprensa sem nenhuma explicação, sem nenhuma reflexão. O que é que
está ocorrendo com a nossa imprensa meu Deus do céu? Os políticos, os
coronéis, os empresários, os puxa-sacos, os secretários roubam, mentem,
mudam de partido e a nossa imprensa trata tudo isso como se fizesse
parte do contexto, como se fizesse parte do negócio.
Na
época em que os homens tinham alguma nobreza na alma, o fio do bigode
falava pelas palavras. Naquela época a coisa era assim. É claro que
naqueles tempos também tínhamos ladrões, mas em comparação com os de
hoje não passavam de pés-de-chinelos. E naquela época uma boa parcela
dos homens públicos tinha vergonha na cara. Tinham honra.
Não sei dizer como é a vida de um patife, pois jamais convivi com um
patife. Meus amigos, todos conhecem, são todos gente boa. Mas acho que
conviver com um patife ou ser obrigado pela força do contrato ou pelo
poder da moeda a puxar o saco dos mesmos, é coisa que rebaixa ao nível
mais lacaio e nojento o caráter de qualquer um, que desonra até o mais
ignorante e obtuso ser humano.
Apoio Cultural:
Coluna Almanaque - A VERDADE POR TRÁS DOS FATOS
Por Fábio Marques
Compartilhe no WhatsApp
Por -
dezembro 08, 2017
0