Coluna Almanaque - O INFERNO SÃO OS OUTROS

Por Fábio Marques
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O Mamoré
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Por Fábio Marques
Numa cidade como a nossa, marcada pela intimidação política, como diz meu grande amigo Sérgio Ribeiro, não basta apenas ser honesto, é preciso alardear e confirmar o tempo todo essa honestidade de práticas e princípios. O grande paradoxo é que as pessoas, por terem bom caráter e lutarem por seus ideais, muitas vezes, por causa da política canalha de interesses promíscuos, são traídos, “julgados” e condenados de forma torpe e cruel; depois são esquartejados e expostos em praças públicas para que não sejam seguidos ou sirvam de exemplo.
Sempre fui um cara de vanguarda, um cara que se fez conhecer nos jornais da cidade pelo manejo da caneta, ou seja, pela palavra escrita; e maioria das vezes fazendo denúncias sobre atos nocivos de gestões públicas que se passaram. Por causa disso já fui tachado de revoltado, “do contra”, subversivo e o cacete a quatro. Durante algum tempo tive que suportar ironias tipo: “Cara que se diz de esquerda, mas metido a bon-vivant, gosta de uísque, de uma boa comida...”. Esses imbecis queriam que eu, além de pobre, fudido, passando por mil aperreios para acertar minhas contas, ainda deveria como forma de auto-punição, encher o c# de Sessenta e Um. Hoje não posso, mas quando pude já comprei e degustei de várias “botellas” de Old Parr e Chivas Regal, do mesmo modo como já fui para a cama com senhoras e madames que nunca foram pro meu bico. Esses prazeres, por incrível pareça, também acontecem com pseudo-jornalistas pobres.
Até confesso que se não me achasse com energia para dizer minha opinião me opondo a uma casta política que hoje se oferece para o público eleitor e que parece ter a simpatia de alguns chegados, eu ficaria calado. Mas na verdade se faz preciso que se use essa energia para resistir a esta corrente de opinião obtusa e ficar à parte deles – lógico que fazendo os últimos esforços para arrancar a viseira que os impede de enxergar outros ângulos e indicar o atalho das coisas legais.
Mais um ano eleitoral se inicia e pouco a pouco estamos vendo aparecer os notórios membros desta canalha que reúne os mais traquinos marginais que, por freqüentarem nossos bares, nossas praças e em muitos casos, até nossas casas, se disfarçam como baratas sub-reptícias. Já dizia um poeta que no seu íntimo e entre amigos o canalha é um bom sujeito, muitas vezes até bom pai e quem sabe, bom marido e contador das melhores piadas.
Os canalhas, tenham o cargo ou dinheiro que tiverem são apenas canalhas. É difícil excluí-los dos partidos e dos processos políticos porque sabem disfarçar muito bem. São sonsos capazes de aplaudir os sem-vergonhas e de saudar as pessoas de bem com a mesma cara-de-pau. Portanto, homens honrados são homens honrados, registrem-se dentro da doutrina que quiserem. E patifes são patifes, façam o discurso que fizerem.
Um último recado: não existem pequenos crimes. Qualquer crime é crime. Mas são nos desvios “aceitáveis” que se procriam os maiores bandidos e marginais. Sei que pensar assim dá trabalho, atinge consciências, desgosta algumas pessoas, fere o orgulho e a vaidade de outras, comporta riscos e ameaças; mas evita o ridículo e o grotesco na vida pública.
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