A vistoria que resultou na interdição da escola aconteceu no dia 9 de
fevereiro, porém os pais só foram comunicados da situação nesta
quinta-feira (15), quando as aulas voltariam ao normal após o recesso de
carnaval na cidade.
Durante a inspeção, a Vigilância Sanitária encontrou diversas
irregularidades, como a de que o local não possui um lactário, além de
caixas de gordura rachadas, cozinheiras trabalhando sem os calçados e
materiais adequados, salas sem refrigeração, correções em partes da obra
e ainda a instalação de mobílias específicas para amamentação.
O relatório da vistoria emitido pelos fiscais interditou oficialmente a
instituição e uma notificação formal foi enviada para a Secretaria
Municipal de Educação (Semed).
Semed
Segundo a Semed, até o final de 2017 a escola não atendia crianças de 0
anos e somente a partir deste ano iniciou o atendimento para esta faixa
etária, por isso alguns quesitos e normas ainda precisam de adequação.
Procurada
a atual secretária municipal de educação, Tereza Crespo, para
questionar qual o posicionamento do órgão em relação ao caso e também
quais ações estão sendo e ainda serão feitas para solucionar o problema.
Segundo ela, a Semed pedirá uma prorrogação do prazo da vigilância
para que as adequações sejam feitas, mas que não existe uma data exata
para o retorno das atividades na instituição. Os servidores foram
dispensados e só voltam a trabalhar quando a escola for desinterditada.
“Já fizemos o processo de compra dos equipamentos para atender as
normais da lei, mas não há como cumprir esse prazo de dez dias porque é
muito curto, já que precisamos fazer correções na obra também. Pediremos
uma prorrogação para sanar os problemas”, alegou.
A secretária explicou ainda que a suspensão das aulas vai atrasar o ano
letivo previsto, pois não existe a possibilidade de transferir
momentaneamente as crianças para outra instituição por falta de espaço
físico e estrutura para atender uma demanda de mais de 150 novos alunos.
“Não temos como continuar os atendimentos, por enquanto elas (as
crianças) ficarão sem aula mesmo, até que a escola seja liberada para o
retorno das atividades normais’, conclui a servidora.
Pais insatisfeitos
Os pais não gostaram de saber da suspensão temporária e se sentiram
bastante prejudicados. Uma das mães revoltadas é foi a vendedora Samira
Marques, de 29 anos.
“Olha, a gente não sabe o que fazer. Já deixo meu filho aqui porque
tenho que trabalhar para sustentá-lo, mas e agora? Será que eu vou ter
que largar meu emprego porque não tem escola para meu filho? As
autoridades deviam ter mais respeito com o povo, olhar com mais carinho e
saber que pais e mães não deixam os filhos na escola para se divertir,
mas porque é preciso trabalhar”, desabafa a mulher.
Já o autônomo Jeremias Saluz, morador do Bairro 10 de Abril, conta que
foi pego de surpresa quando foi deixar a filha Elaine pela manhã.
“Cheguei e o rapaz me informou que não ia ter aula porque interditaram a
escola. Parece uma piada, a gente tem que rir para não chorar com tanta
notícia ruim na cidade e no país. Lamentável, o jeito foi deixar minha
filha com a avó para que eu possa trabalhar vendendo meus salgados”,
disse o pai, insatisfeito.
Fonte: G1