A coleta
seletiva está beneficiando diretamente cerca de 150 pessoas de 40
famílias que vivem exclusivamente deste serviço em Guajará-Mirim (RO), a
330 quilômetros de Porto Velho. Os catadores, que atualmente ganham
entre R$ 500 e 600 por mês, agora podem aumentar a renda em pelo menos
R$ 300 através do projeto de extensão “Amigos dos Catadores”, idealizado
por acadêmicos de Pedagogia da Fundação Universidade Federal de
Rondônia (Unir).
Projeto
O projeto iniciou em 2014 com objetivo de ajudar os catadores no
sentido financeiro, uma vez que muitas famílias vivem exclusivamente da
coleta de lixo, além de instalar a coleta seletiva de forma permanente e
de conscientizar a população sobre a importância do tema.
Depois que a ideia foi colocada em prática há quatro anos, já foram
instalados 15 pontos de coletas seletivas em diferentes bairros da
cidade, sendo um deles na própria Unir. O município jamais teve este
tipo de serviço, nem no setor público e nem no privado, desde que foi
fundado em 1929.
Quando os coletores já estão cheios, a Associação dos Catadores de
Produtores Recicláveis Nova Vida (Ascanov) recolhe o material e vende
para empresas locais, depois o dinheiro arrecadado é dividido entre as
famílias que trabalharam na coleta. O preço pago pelo quilo do plástico é
R$ 0,30, enquanto que o quilo da garrafa pet sai por R$ 0,40.
Em entrevista ao G1,
uma das idealizadoras do projeto, a acadêmica Gisele Freitas, explicou
que inicialmente a ação foi pensada para ajudar a melhorar a renda das
famílias cadastradas na Ascanov. Entretanto, ao longo do projeto a
repercussão foi grande e atraiu parceiros interessados em participar,
como o Instituto Federal de Rondônia (Ifro), Secretaria de Estado da
Assistência Social (Seas) e empresários do setor privado.
Gisele explicou ainda que o projeto também inclui a parte educacional e
didática para ser trabalhada com os moradores, sendo disponibilizado um
kit com um saco de rafia, panfleto mostrando o que coletar e o que não
coletar e um adesivo informativo sobre os pontos da coleta seletiva.
“Chegamos em um consenso de que podemos ajudar os catadores, além de
levar informação à comunidade local. Conseguimos 100 kits e
disponibilizaremos para 100 famílias inicialmente, já que a população
daqui não tem essa cultura. Temos que trabalhar a parte educacional
sobre o tema e mostrar como a coleta deve ser feita, separando o lixo
reciclável do não reciclável”, concluiu.
Ascanov
Segundo a atual presidente da Ascanov, Cibele Landivar, os materiais
recolhidos na coleta seletiva são o plástico e alumínio. Outros
materiais como o papelão, borracha, papel e ferro ainda não fazem parte
do projeto porque o município não tem mercado e atualmente a cooperativa
não tem condições de vender para outra localidade.
O principal objetivo da associação é construir um galpão para
armazenamento, pois não existe um depósito adequado e o material
coletado é empilhado ao céu aberto no lixão do município, situado em um
terreno às margens da BR Engenheiro Isaac Bennesby, na zona rural.
“Se tivesse já o galpão, passaríamos a coletar também o papelão, mas
neste momento ainda não é possível. As coletas são feitas no lixão e
também nas ruas, tudo é arrecadado e depois vendemos aqui na cidade
mesmo. Os pontos de coleta seletiva ajudam bastante, pois a gente só
passa para recolher quando tudo já está cheio”, comenta.
Cibele ainda comentou sobre um dos tabus a ser quebrado, que é a
vergonha que muitos catadores ainda sentem da própria profissão. Ela
acredita que a classe precisa se unir mais para que o trabalho seja mais
reconhecido e valorizado.
“A gente percebe que muitos ainda se sentem acanhados para buscar
parcerias e os nossos direitos. Este é um trabalho tão importante como
qualquer outro, fazemos com dignidade e honestidade. Ninguém deve sentir
vergonha de trabalhar, não estamos tirando nada de ninguém, apenas
ganhando o pão de cada dia, mas nem todos pensam assim”, declarou a
presidente.
Fonte:G1