A manifestação iniciou às 5h30 e, além dos taxistas de Nova Mamoré,
contou com a participação de trabalhadores da classe também de Nova
Dimensão, localizado na zona rural do município, e de Guajará-Mirim
(RO), onde rotineiramente é o ponto final da travessia de veículos
furtados e roubados para o território boliviano.
Motivação do protesto
Segundo os manifestantes, o que motivou o fechamento temporário da BR
foi um assalto a um taxista no último sábado (3). O motorista e os
passageiros foram rendidos por quatro bandidos e levados até o Distrito
do Iata (na zona rural de Guajará-Mirim) e abandonados em uma mata
fechada após serem ameaçados de morte durante três horas.
As vítimas ficaram perdidas na mata e só conseguiram pedir ajuda a um
sitiante depois de caminharem por quatro horas seguidas. A PM fez buscas
pelos suspeitos, mas ninguém foi localizado e nem o veículo roubado foi
recuperado.
O delegado regional de Polícia Civil Milton Santana disse que o caso do
roubo do táxi ocorrido no último dia 3 está sendo investigado, mas que
até o momento nenhum dos suspeitos foi identificado. Ainda segundo o
delegado, a faixa de fronteira com a Bolívia propicia e facilita este
tipo de crime, justamente pela grande extensão de área a ser
fiscalizada.
"Esta região acaba sendo o ponto final dos veículos furtados e roubados
em todo estado porque os bandidos encontram facilidade em cometer estes
atos criminosos às margens do Rio Mamoré. Vamos entrar em contato com o
consulado e discutir o que será feito em relação ao caso, pois a
informação que temos é que o táxi roubado está em território boliviano",
explica Milton.
Documento ao consulado boliviano
Segundo Fabio Braz, Chefe Substituto de Operações da Polícia Rodoviária
Federal em Rondônia, a rodovia foi liberada depois que um documento foi
encaminhado pelos taxistas ao consulado boliviano pedindo providências
para recuperar o táxi roubado no Brasil no último dia 3 de março.
A PRF também informou que o posto de fiscalização da PRF entre Guajará-Mirim e Nova Mamoré será reativado ainda este ano.
Um dos coordenadores da manifestação, Edivaldo Pereira de
Lima, de 36 anos declarou: “Resolvemos fechar a BR devido o roubo do táxi do
nosso amigo, que trabalha honestamente e tem no seu veículo o único meio
de ganhar o pão de cada dia. Queremos ainda que as nossas autoridades
olhem para nós e nos ajude. A sensação é de insegurança total, o Governo
tem que dar mais segurança para a população”.
O taxista Jenito Furtado Roca, de 45 anos, de Guajará-Mirim, integrante
de uma cooperativa de taxistas da região, foi dar apoio aos colegas.
“Este roubo poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Estamos sendo
solidários com o colega e cobrando providências das autoridades. Nosso
carro é o nosso ganha pão, precisamos da atenção das autoridades
brasileiras e bolivianas para que esse problema de furtos e roubos seja
solucionado na nossa região”, comentou o manifestante.
Passageiros prejudicados
A ação acabou prejudicando os passageiros que pretendiam viajar até a
capital nesta manhã e foram pegos de surpresa com a interdição
temporária da rota.
A estudante Ana Carolina Vitória Santos, que cursa nutrição em Porto
Velho, diz que veio passar o final de semana com a família em
Guajará-Mirim e teve o retorno para casa atrasado por conta do
manifesto.
“Eu não sabia, fui comprar a passagem de ônibus e avisaram que a BR
estava fechada e que os taxitas estavam protestando pedindo mais
segurança, algo assim. O jeito é esperar até liberar a estrada de novo,
vou ficar na casa dos meus pais até resolverem tudo”, contou a estudante
universitária.
Outro passageiro que não pôde seguir viagem foi o turista Armando
Costa, que mora em Cacoal (RO) e veio até a fronteira para conhecer a
Bolívia e fazer compras. Com a rota fechada, o jeito foi retornar para o
hotel e pagar mais uma diária.
“Voltei porque não dava para ir. Fui na rodoviária e o rapaz que vende
passagens avisou sobre o protesto lá em Nova Mamoré. Para quem tem
compromisso e precisa viajar urgentemente isso é ruim”, diz.
Fonte: G1