A comunidade do município de
Guajará-Mirim/RO mas uma vez receber a coroa do Divino Espírito Santo. A
tradição ocorre há 124 anos no Vale do Guaporé/Mamoré e tem na coordenação a
Irmandade do Divino.
Centenas de pessoas aguardavam a chegada do batelão
O batelão estava com 12
remadores, meninos cantores, mestre violeiro, o caixeiro, como o responsável
pela coroa e o capitão da embarcação, depois das 16h chegou a embarcação no
Porto Oficial, seguindo até a Catedral Nossa Senhora do Seringueiro. O veículo
do bombeiros conduziu a coroa e policiais militares fazia a segurança das
pessoas na via pública.
Centenas de devotos se deslocaram
de suas cidades até município. “Muitos, ao verem a proximidade do batelão com
seus doze remadores, entram no rio”, exclamou uma guajaramirense e devota do
Divino.
História
A Festa do Divino Espírito Santo
no Rio Guaporé é o segundo festejo religioso mais antigo da Amazônia, superado
apenas pelo Círio de Nazaré, em Belém do Pará. Ao contrário de similares que
acontecem em vários estados brasileiros, no Guaporé não existe cavalhada ou
luta entre “mouros” e “cristãos”, sendo o deslocamento feito todo por via
fluvial.
Trazida da região de Cuiabá em
1894, a Festa do Divino visita as comunidades brasileiras e bolivianas ao longo
dos rios Guaporé e Paraguá. Na década de 1930 as celebrações foram normatizadas
pelo bispo Dom Francisco Xavier Rey, e a sede da Irmandade do Espírito Santo é
localizada na cidade de Costa Marques.
As sedes são sempre escolhidas no
ano anterior quando também são sorteados, dentre os membros da Irmandade as
principais autoridades da próxima Festa, o imperador, a imperatriz e outros
componentes da coordenação. Com ritos próprios e ritmos específicos, as
celebrações atraem milhares de pessoas, especialmente na sede do encerramento.
O Barco do Divino leva dentro a
Arca contendo a Coroa, a Bandeira, as Toalhas do altar e os livros de Ata. Após
o encarregado da Coroa receber a arca, o Barco do Divino inicia sua
peregrinação ao longo do rio Guaporé, por quarenta dias, até o final da Festa,
colhendo óbolos entre os ribeirinhos, o Final da Festa dá-se no dia de
Pentecostes.
Ao aproximar-se de cada povoação,
o Barco do Divino anuncia a sua chegada através de ronqueira (artefato
confeccionado em madeira com um cano de ferro por onde é introduzido a
pólvora), três buzinadas em chifres de bois, e mais próximos, os remeiros
entoam cânticos de chegada e fazem a “meia Lua”, em frente ao porto, que
consiste em três voltas circulares com, o barco, antes de aportar. As remadas
são cadenciadas e os romeiros espargem água para o alto entre uma remada e
outra. O caxeiro, inicia o toque do tarol.
Fonte: O MAMORÉ