Por Fábio Marques
Os bares sempre foram
ponto de encontro de todas as espécies de gente das mais distintas
classes sociais, econômicas, políticas e filosóficas e também dos mais
distintos tipos e caracteres individuais ou coletivos. Assuntos dos mais
diversos são expostos nas mesas de botecos, tabernas e biroscas à
exaustão: Política, economia, religião, futebol, direitos civis, a crise
no Oriente Médio, a fome na África, A bomba da Coréia do Norte, a
corrupção, a violência, troca de experiências pessoais e tantos outros.
Em algum lugar do país ou do mundo, sempre haverá alguém numa mesa de
bar a fim de beber e contestar as estruturas.
Em Guajará-Mirim
também não é diferente. A Bodega do Clóvis, localizada no centro da
cidade, hoje é o palco de acaloradas discussões entre intelectuais,
empresários, jornalistas, professores, profissionais liberais e
autônomos. O ambiente é democrático. A vasta gama de assuntos são
expostas à luz das análises de todos os partícipes, fazendo do confronto
de opiniões uma termodinâmica mesa redonda onde todos os assuntos
variam em desordem alternada, sendo que a qualquer momento se pode mudar
de opinião. Afinal, o bom papo de boteco não admite censuras e nem a
obrigação de se fazer cobranças a posteriori.
Depois de tomar
umas cervejas, qualquer um tem o direito de opinar e discorrer sobre a
discussão em pauta no momento. Caralambos Vassilakis comenta sobre o
“crack” da Bolsa de valores de Wall Street ou sobre a chuva de meteoros
próxima à constelação de Alfa-Centauro. Edson da Ótica critica a
letargia do Poder Público na resolução dos problemas que afligem a
população de Guajará-Mirim desde priscas épocas. O pródigo amigo e
magistral ser humano Zeca “Cavalca” não se conforma com as traições
dentro do âmbito político. O magnânimo Coronel Mattos relembra tempos em
que o duelo da fronteira não tinha nada a ver com festival de
bois-bumbás e sim com a decisão de futebol entre Pérola e Marechal,
enquanto um polêmico jornalista pergunta ao dono da birosca se tem jeito
de haver um “pindura” na despesa. Eis aí uma pequena parcela da plêiade
que por lá se embebeda.
Aliás, a plêiade de amigos é uma
instituição que se faz necessário em qualquer boteco decente e onde se
cultiva o respeito à família. Bar discreto, mas turma fidedigna. Ali tem
todo tipo de gente. O chato que nunca toma simancol, o contador de
piadas que só ele é quem ri, tem aquele que só bebe, e aquele que só
paga, e ainda aquele que decide o destino da cidade. Os cornos quase não
se aproximam por aqui. Preferem beber em outra freguesia com mais
frescuras ou restaurantes metidos a besta.
E aqui estamos em reunião contínua entre copos e “botellas”, usufruindo
deste grandioso prazer de comer sem estar faminto e de beber umas e
outras sem estar com sede, de compartir vivências, dificuldades
cotidianas, alegrias, tristezas, problemas de ordem familiar ou de
trabalho, as contas no vermelho - sim, até porque habitué de boteco tem
uma vida muito volúvel, uma hora ta montado na bufunfa e na outra hora
ta na maior pindaíba – e também de rir com os outros ou até de si
mesmos.
Apoio cultural:
Coluna Almanaque - BODEGA DO CLÓVIS, ENTRE UMAS E OUTRAS
Por Fábio Marques
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maio 07, 2018
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