Por Fábio Marques
Às vésperas de completar seus maus vividos 52 anos, o poeta já se cansara de escrever sobre a política repleta de esquemas e intrigas. Cansara de escrever sobre o mundo do ter e do poder onde nada mais importa. Cansara de toda esta podridão.
Em toda sua vida, jamais procurou nortear sua bússola para bens e coisas materiais. Sempre na maior dureza, sua muleta para a ascensão social era a leitura. Voraz, lia tudo o que aparecia pela frente. Ora! O ter e o poder são efêmeros, enquanto um estado de espírito racional e intelectual são eternos. Esta era sua filosofia.
Frustrado em suas realizações pessoais, ia vivendo o dia-a-dia. Os desastres causados pelas relações amorosas e os problemas da vida o fizeram um sujeito amargo, infeliz e caído em desgraça. Ainda assim buscava misturar em suas crônicas o erudito com o coloquial, o jornalismo e a poesia.
A vida é repleta de alegrias e tristezas, vitórias e derrotas. As memórias do poeta oscilavam entre as “peladas” da infância no campinho do colégio e as baladas imortais dos anos 70 e 80, entre o primeiro encontro com Beatriz Afonso, sua eterna amada, e a lembrança da fome que lhe abatia. Sem alimento no estômago, também não há virtude no espírito. E a fome aplacava sua alma e seu estado físico. Por vergonha escondia este fato casual dos amigos mais próximos.
Casado por infindáveis 25 anos, o poeta era sabedor que conviver é aprender a compartir opiniões e estilos de vida, conciliar hábitos e valores. Neste hiato temporal, sempre fora ciente que temperar gostos e desgostos, jeitos e trejeitos é uma parte meio incômoda de qualquer relação. Cada cabeça é uma sentença. É preciso oxigenar a relação, senão ela fica doentia e sujeita à neuroses.
Após estar penando por exatos 22 anos à procura de sua amada, o poeta achara seu modelo de rainha através da Internet. E por causa desta senhora, vivia em constante esforço para ser melhor do que havia sido. Buscava se policiar de todas as maneiras para evitar qualquer tipo de discussão. Buscava sempre questionar o que realmente era importante na relação e nunca elevar coisinhas para o patamar das questões essenciais.
Não existe amor eterno que resista aos problemas do dia-a-dia. Hoje as mulheres têm mais autonomia em relação às finanças, que até colocam cláusulas e condições na relação. Passaram a ficar mais focadas no trabalho e na família e o sexo nem sempre está em primeiro lugar. Hoje as mulheres conseguem lidar melhor com a solidão que acabam achando natural que as relações estáveis cedam espaço para os romances de ocasião.
Uma maldição parecia o perseguir. Toda vez que alguma coisa dava certo em sua errática vida, sempre acontecia alguma cagada. Não se sabe o porquê, mas tal como surgira, tudo acabara. O encanto havia se desfeito. Tudo de repente ficara estranho.
Cansado desta vida fudida, o poeta também se cansara de estar correndo atrás de sonhos e ilusões. Em total miséria material e humana, era comum avistá-lo vagando bêbado pelas vielas do Mercado Municipal. Chegara ao fundo do poço. Para este farrapo humano não havia mais saída a não ser o da descida ladeira abaixo até morrer.
Numa manhã de domingo, seu cadáver fora achado na sarjeta daquele espaço público.
Às vésperas de completar seus maus vividos 52 anos, o poeta já se cansara de escrever sobre a política repleta de esquemas e intrigas. Cansara de escrever sobre o mundo do ter e do poder onde nada mais importa. Cansara de toda esta podridão.
Em toda sua vida, jamais procurou nortear sua bússola para bens e coisas materiais. Sempre na maior dureza, sua muleta para a ascensão social era a leitura. Voraz, lia tudo o que aparecia pela frente. Ora! O ter e o poder são efêmeros, enquanto um estado de espírito racional e intelectual são eternos. Esta era sua filosofia.
Frustrado em suas realizações pessoais, ia vivendo o dia-a-dia. Os desastres causados pelas relações amorosas e os problemas da vida o fizeram um sujeito amargo, infeliz e caído em desgraça. Ainda assim buscava misturar em suas crônicas o erudito com o coloquial, o jornalismo e a poesia.
A vida é repleta de alegrias e tristezas, vitórias e derrotas. As memórias do poeta oscilavam entre as “peladas” da infância no campinho do colégio e as baladas imortais dos anos 70 e 80, entre o primeiro encontro com Beatriz Afonso, sua eterna amada, e a lembrança da fome que lhe abatia. Sem alimento no estômago, também não há virtude no espírito. E a fome aplacava sua alma e seu estado físico. Por vergonha escondia este fato casual dos amigos mais próximos.
Casado por infindáveis 25 anos, o poeta era sabedor que conviver é aprender a compartir opiniões e estilos de vida, conciliar hábitos e valores. Neste hiato temporal, sempre fora ciente que temperar gostos e desgostos, jeitos e trejeitos é uma parte meio incômoda de qualquer relação. Cada cabeça é uma sentença. É preciso oxigenar a relação, senão ela fica doentia e sujeita à neuroses.
Após estar penando por exatos 22 anos à procura de sua amada, o poeta achara seu modelo de rainha através da Internet. E por causa desta senhora, vivia em constante esforço para ser melhor do que havia sido. Buscava se policiar de todas as maneiras para evitar qualquer tipo de discussão. Buscava sempre questionar o que realmente era importante na relação e nunca elevar coisinhas para o patamar das questões essenciais.
Não existe amor eterno que resista aos problemas do dia-a-dia. Hoje as mulheres têm mais autonomia em relação às finanças, que até colocam cláusulas e condições na relação. Passaram a ficar mais focadas no trabalho e na família e o sexo nem sempre está em primeiro lugar. Hoje as mulheres conseguem lidar melhor com a solidão que acabam achando natural que as relações estáveis cedam espaço para os romances de ocasião.
Uma maldição parecia o perseguir. Toda vez que alguma coisa dava certo em sua errática vida, sempre acontecia alguma cagada. Não se sabe o porquê, mas tal como surgira, tudo acabara. O encanto havia se desfeito. Tudo de repente ficara estranho.
Cansado desta vida fudida, o poeta também se cansara de estar correndo atrás de sonhos e ilusões. Em total miséria material e humana, era comum avistá-lo vagando bêbado pelas vielas do Mercado Municipal. Chegara ao fundo do poço. Para este farrapo humano não havia mais saída a não ser o da descida ladeira abaixo até morrer.
Numa manhã de domingo, seu cadáver fora achado na sarjeta daquele espaço público.