Aulas de Língua Portuguesa promoveram interdisciplinaridade ao desenvolver atividades relacionadas ao bullying no IFRO
Aulas de Língua Portuguesa promoveram interdisciplinaridade ao desenvolver atividades relacionadas ao bullying no IFRO (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia), Campus
Guajará-Mirim. O docente da disciplina trabalhou com as turmas de
primeiros e segundos anos dos técnicos integrados ao ensino médio do
período vespertino. Após isso, os estudantes se apresentaram para outras
salas, compartilhando o conhecimento adquirido em relação ao respeito
ao próximo.
A proposta faz parte do Projeto Viver Bem na Escola da CAED (Coordenação de Assistência Estudantil do Campus Guajará-Mirim). O Professor Antônio Ramiro de Mattos desenvolveu atividades interdisciplinares envolvendo a temática sobre bullying
com as turmas de Biotecnologia e Manutenção e Suporte em Informática.
Nas turmas dos primeiros anos, a partir do gênero textual “Artigo
Enciclopédico”, os alunos criaram umas das opções de verbetes: bullying, cyberbullying, efeitos emocionais do bullying
e consequências jurídicas do cyberbullying. Somando-se a isso, os
estudantes precisaram criar uma prática de conscientização para a turma e
posteriormente multiplicar para outros discentes. Para tanto, os alunos
desenvolveram quadrinhos, panfletos, curta de animação, cartazes,
divulgação de verbete, desenhos, poesias, dinâmicas de grupo e diversos
jogos, como dado emocional, tabuleiros e caça-palavras.
Para as turmas dos segundos anos, a aula
foi proposta a partir do gênero textual “Carta Aberta”. Os alunos
escolheram uma das turmas da modalidade integrado ao ensino médio para
ler a mensagem na Carta Aberta específica para aquela turma e aplicação
de uma dinâmica, essa atividade gerou a produção da paródia da música
“Você partiu meu coração”, que foi apresentada no dia de culminância do
projeto.
Segundo Antônio Ramiro, “no tocante ao
desenvolvimento pessoal, penso que a orientação dos trabalhos
contribuirá para que eu continue acreditando que adolescentes possam
tratar de assuntos sérios de forma madura. E também que possam usar sua
criatividade para pontos positivos. Já no campo social, contribuiu para
perceber como consequências do bullying e ciberbullying estão mais próximas de mim do que imaginava, e como posso fazer contribuição dentro da minha prática profissional”.
O estudante de Manutenção e Suporte em
Informática, Lucas Onarry Chaves, afirma que “as atividades
representaram uma oportunidade de poder utilizar meu conhecimento e
talento para algo bastante interessante em relação ao bullying,
ou seja, contribuir para que esse problema social não continue
existindo nas escolas, local de trabalho ou até mesmo familiar. Saber
que ajudei alguém faz valer o esforço na atividade. Pessoalmente notei
que ajudar contribui bastante contra o bullying e não devo me
calar, pois estou presente na escola para ter educação e não para sofrer
preconceitos de quem não sabe como realmente eu sou. Socialmente vejo
que posso ajudar ou informar uma ou mais pessoas a respeito do bullying, tive oportunidade de desenvolver amizades com outros alunos que passaram pela mesma dificuldade que eu”.
Avaliando o estudo dentro da disciplina
de Língua Portuguesa, Málisson J. Siqueira, também do Curso de
Informática, diz que “a atividade Carta Aberta representou para mim algo
muito importante e me ajudou a refletir e pensar mais nesse assunto que
não é muito discutido na escola e nem na nossa própria casa. O projeto
Viver Bem na Escola foi muito divertido e informativo, pois os alunos
puderam se expressar através de teatro, desenhos e música. Dessa forma,
isso me ajudou e a todos os outros alunos a deixar de lado o celular e
conversar de verdade frente a frente e também nos proporcionou fazer
novos amigos. Esse projeto foi bastante esclarecedor e vai contribuir
para minha vida, me ensinando a me impor diante de situações onde eu
acabe sofrendo bullying, não a revidar com violência, mas sim a
conversar e se isto não funcionar, saber procurar meus direitos como
cidadão. Isto tudo vai fazer de mim uma pessoa melhor e educada.”
Luana Mercado Carneiro é do curso de Biotecnologia e considera que “foi muito motivador e explicativo sobre o tema. Bullying
é um tema que deve ser discutido entre as pessoas e que se deve dar a
sua importância. Todo tipo de preconceito ou discriminação precisa estar
bem claro na mente de qualquer pessoa. Esse projeto fez com que os
jovens refletissem suas atitudes. Além disso, as vítimas também
conseguem ter mais um pouco de coragem e pedir ajuda. Este tema tem que
ser falado, precisamos achar formas de resolver o problema e colocar em
prática. Desenvolver estes trabalhos faz com que a gente não pense em
cometer nenhum tipo de preconceito com ninguém, ter a noção e saber que
somos todos iguais deve ser aprendido desde pequeno, isso faz com que a
sociedade evolua. São pequenas coisas que fazem a diferença na vida de
quem sofre bullying e encontrar algum tipo de apoio faz toda a
diferença de não querer desistir. Estas atividades me fizeram ter ainda
mais reflexão dos meus valores, o bullying é um assunto sério e
eu percebi que o que eu achava em relação a isso se parece com o que é
certo. De forma social isso me ajudou a perceber que somos iguais e isso
contribuiu para eu pensar mais antes de julgar alguém”.
Também de Biotecnologia, Ayame Antunes
avalia que a atividade poderia ter sido ampliada, envolvendo também os
“outros fatores que influenciam no comportamento de todos e como todos
nós podemos contribuir para manter um bom relacionamento no ambiente
escolar”.
Envolvimento com outras disciplinas
O projeto foi levado a outras salas de
aula. O Professor de Biologia, Rodrigo Matos, afirma que o tempo cedido
para que os alunos desenvolvessem as atividades durante sua aula foi bem
utilizado: “a intervenção foi conduzida por um grupo bem preparado de
alunos que soube conduzir a atividade e manteve a atenção da sala para
alcançar o objetivo pretendido. O conteúdo foi relevante e irá
contribuir para o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, pois o webbullying
é uma situação recorrente no cotidiano dos estudantes que, no entanto,
está isolada da maioria das matérias escolares. A
reflexão/problematização em ambiente escolar auxilia os indivíduos a
formar posicionamento ético com relação ao assunto”.
A Professora de Sociologia, Maria da
Graças Freitas de Almeida, acredita que nesta interação entre turmas
houve também a conscientização da turma do terceiro ano matutino sobre o
tema bullying, “principalmente se usarmos as palavras de forma
agressiva. A atividade gerou uma reflexão sobre como utilizar as
palavras erroneamente para agredir o outro. Ao final, percebemos que
todos nós podemos melhorar e evitar mágoas com a ação de ‘pensar’ antes
de falar ou medir as palavras antes de proferi-las”.
Da disciplina de Geografia, Fábio Brito
dos Santos afirma que “à medida que a dinâmica se desenvolvia, a turma
se envolvia mais. O fato de alguém ser instigado a participar
influenciava aos outros a refletirem sobre esse tema. Logo, considero
que os meninos conseguiram, dentro do tempo estabelecido, dar conta de
criar uma reflexão sobre o bullying. A atividade foi relevante e
contribuirá para o desenvolvimento pessoal e social dos alunos, pois
esse é um tabu grande e precisa ser levado a sério numa sociedade em que
não sabe ao menos o que é justiça social e carente de entender o que é
ser cidadão. A ideia é válida, pois provoca conscientização,
manifestações contra esse problema social. Temos que combater por meio
dessas manifestações”.
A Professora de Letras/Inglês, Maria Tereza de Souza, acrescenta que “estudos sobre o bullying
realizados por alunos para alunos se tornaram mais importantes, já que o
vocabulário utilizado pelo grupo estava no contexto compreensivo deles.
O conteúdo veio atrelado a atividades (dinâmicas) onde refletiam uma
consciência no tema in loco, alguns alunos se recusaram a
realizar a tarefa que eles tinham proposto a outros e assim pode-se
verificar na prática que não se deve querer que o outro faça o que não
deseja para si”.
Já o Professor de Filosofia, Naziazeno
Joaquim de Santana Neto, relata que “alguns alunos me procuraram e
fizeram o pedido para utilizar dez minutos do início do tempo de minha
aula. Quando a aula começou, eles se colocaram a postos e então
começaram a aplicar as atividades por eles elaboradas, para a qual os
alunos da turma demonstraram muita atenção. A atividade foi muito
relevante no sentido de que foi perceptível o interesse da maioria da
turma durante toda a atividade, até porque o assunto abordado faz parte
de uma realidade recorrente e não muito pouco vivenciada nas escolas”.
As ações interdisciplinares foram
desenvolvidas em sala de aula com intuito de trabalhar o desenvolvimento
crítico e social de nossos alunos. “Esta foi uma atividade que com
certeza foi altamente interdisciplinar. Sinto-me realizada por fazer
parte de um projeto que tenha contribuído tanto para o envolvimento dos
profissionais da educação do Campus Guajará-Mirim”, conclui a Coordenadora do Projeto Viver Bem na Escola, Elaine Márcia Souza Rosa.
Fonte: Assessoria.