Por Paulo Saldanha
Mister Gerald é demais! Tem muitas histórias para contar, algumas quase trágicas, outras hilariantes!
Um dia, e lá se vão quase 44 anos, ele, ao lado da charmosa esposa,
grávida de 8 meses, foi à exposição no Parque dos Tanques, em Porto
Velho, ali na Avenida Lauro Sodré.
Já com noite alta
caminhavam no rumo do que poderia ser a praça de alimentação. Ele sempre
gostou de umas cervejas. E lambia os beiços sonhando com umas Brahmas! E
com a escuridão, não atinava o motivo de tanta gritaria, alertando que o
Diamante Escuro, o touro bravo, preto, fumegante, soltando fumaça pelas
ventas tinha se soltado...
A fera não enjaulada já tinha
atingido uns cinco homens até que o surpreendeu a dois metros de
distância. Só teve tempo de empurrar a esposa para o lado e procurou
agarrar o bovino pelos chifres. Com força sobre humana, testa com testa
com o endiabrado, e, sem querer fugir do bafo “caliente” que o encantou,
espetou com o cabelo duro os olhos do animal enlouquecido.
Teve uma hora que o marruá, conseguindo desvencilhar-se do abraço
humano virou a cabeça e quase nocauteou o Mister Gerald, ferindo-o na
boca. E ficou jogando o nosso herói para o alto que, ao cair ficou
bastante machucado nas costas, com enormes hematomas. Meio tonto
desguarneceu seus sentidos, no instante em que o desengonçado ruminante,
aproveitando-se da momentânea insegurança do grande nocauteador de
temerários, nos ringues de Pernambuco, fez-se por cima dele, fuçando-lhe
o cangote, produzindo arrepios delirantes.
O macho
reprodutor ensandecido parecia gostar daqueles instantes de quase
ternura, quando mister Geraldo deu um carpado tentando inverter a
posição deprimente em que se encontrava.
Ele desejava ficar por
cima... mas, o Diamante Escuro atento aos movimentos quase ternos de
Mister Gerald, num jogo que mais parecia de sedução explícita,
raciocinando rápido, percebendo a ardilosa manobra do adversário, saiu
debaixo do humano e continuou em cima.
A suave esposa gritava
pedindo socorro... E ninguém se atrevia no interesse da salvação. E
Mister Gerald continuava na subalterna posição, subjugado.
Como homem afeito a aventuras e sabendo que deveria improvisar uma
saída honrosa, eis que Gerald, retirando do bolso um canivete marca Onça
conseguiu abrir e, ao reconhecer o ponto sensível da geografia do
brutamonte, discretamente, tocou com a ponta nos escrotos do meliante
que, urrando de dor, saltou para o lado e soltou o ser branco que
dominava.
Gerald sangrava pelo lábio superior e, com algumas
escoriações subiu num caminhão que desembarcava umas cervejas.
Lembrou-se da generosa esposa e viu que já estava em segurança.
De cima do caminhão chamava o parente dos búfalos para mais embate com
os punhos cerrados. Mas, o vadio perdia sangue pelos bagos e pressentia
que poderia perder a sua virilidade. Refiro-me ao Diamante escuro.
Uns peões, depois, laçaram e prenderam o tal touro que lançava olhares
sedutores faiscantes para o Pernambucano de Jaboatão dos Guararapes,
que, magoado nem retribuía, tentando secar o sangue que insistia em
fluir do canto da boca e gemia num dos enclaves do veículo, em face dos
calombos no seu costado e nos ombros.
E, Mister Gerald, saiu
do Parque de exposição, sujo, cheirando a boi, com uma mistura de suores
dele com os do audacioso animal, amálgama conseguida quando esteve ora
por baixo da fera, ora quando o bicho sanguinário esteve por cima
dele...
Cronicas Guajaramirenses: Na Exposição Feira, mister Gerald Enfrentou um touro
Por Paulo Saldanha
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setembro 03, 2018
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