Por Fábio Marques
Seguinte: não tenho inveja de quem tem dinheiro, de quem tem
fazendas, automóveis, chácaras campestres, lanchas náuticas, casas
bonitas e o escambau. Tenho inveja sim, de quem tem cultura e intelecto
mais elevado. Quando me refiro à cultura e intelecto, estou falando no
sentido de conhecer a leitura da história com todas suas minúcias,
aspectos e evoluções.
A história da vida tem nos mostrado que o
apego vicioso ao dinheiro só tem levado à ganância, à inveja, à
corrupção e à miséria humana. A ideologia das finanças destrói a
política e as ações públicas em prejuízo das leis do mercado como medida
de bens e serviços. O poder político pode até ter vontade, mas o que
impera mesmo é o poder do capital. Os políticos são na verdade lacaios e
capachos das cédulas. Tem uma piada antiga sobre o magnata Rockfeller,
quando lhe perguntam se ele gostaria de ser o presidente dos Estados
Unidos, ao que ele responde: - De jeito nenhum! Por enquanto prefiro
continuar sendo apenas o dono dos Estados Unidos.
Para os
escravos do capital, a vida não passa de uma jogatina cujo objetivo é
tornar-se mais rico que o seu vizinho. Em suas conversas, estes crápulas
só sabem falar de lucros e ganhos. E quando deixam de lado seus
negócios é somente para pesquisar os negócios dos outros. A ciência da
riqueza às vezes abdica dos prazeres da vida. Quanto menos a pessoa
comer bem, comprar livros, freqüentar bares, mas irá economizar e maior
será sua fortuna. Ou seja, quanto menos o cidadão expressar a sua vida
de verdade, maior será a sua vida alienada.
Pessoas que se
deslumbram com dinheiro não estão nem aí para as agruras da população.
Não reparam na dor das pessoas menos agraciadas pelo destino ou pelas
políticas públicas a favor. Aliás, estes escrotos só utilizam suas vidas
para explorar e perseguir o próximo. Poderiam até serem bons seres
humanos, mas optaram pelo contrário. Por isso é que sempre estarei na
torcida para que estes cretinos sem alma, piedade e coração acabem
torrados nas fornalhas do inferno. Aqui um parágrafo para uma Itaipava.
Voltarei em seguida. Parágrafo.
Durante anos e anos de porradas e
humilhações, tenho notado que ao procurar exercer a liberdade por
excelência que lhes garante a constituição, o cidadão comum observa que a
livre escolha daqueles que possuem maiores poderes de moeda cambial,
acabam por limitar cada vez mais o espaço de ação dos mais humildes. A
liberdade é uma ilusão no campo de batalha do dia-a-dia. Sou sabedor que
este rascunho irá desgostar muitas pessoas. É o preço da revolta.
Aliás, toda vez que me revolto contra este estado de coisas e procuro
expressar meus desejos, logo aparece um bando de imbecis para me rotular
de comunista, anarquista ou chegado à desordem. O artigo em realce é
apenas um sinal de alerta para todos nós, pobres lascados que maioria
das vezes, escravos que somos de um emprego, nos rendemos aos outros
para continuar achando que a vida é esta mesmo que estamos levando.
Enquanto isso, aqui em casa nenhuma grande surpresa. Em cima da mesa, as contas se acumulam.
*Da seleção das melhores crônicas do autor
Apoio Cultural:
Coluna Almanaque: DINHEIRO, A ALMA DO NEGÓCIO (PARTE 2)*
Por Fábio Marques
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janeiro 18, 2019
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