Por Fábio Marques
Ao contrário de muitos de meus amigos, nunca me apeguei a coisas
materiais. Por toda minha vida procurei sempre ser um cara culto,
correto e honesto. Em minha infância nos tempos do colégio primário,
percebi logo que os filhinhos de papai que possuíam coisas só eram
aquilo porque possuíam coisas, porque do contrário, eles não seriam
porra nenhuma. Por isso é que nunca quis ter coisas. Sempre quis ser um
bom ser humano. E aprendi que isso não era difícil. Bastava ler e
questionar. E quanto mais eu lia, mais aprendia a me conhecer e conhecer
as pessoas.
O problema é que as coisas não são bem assim como eu
achava que deveriam ser. A religião do capital transformou tudo em
comércio, inclusive as emoções e as ideologias. Hoje se valoriza uma
pessoa mais pelo poder de consumo que ela possui do que pelo seu
caráter. Um automóvel vale mais que a biografia do cidadão. Por exemplo,
se eu aparecer na casa de uma pessoa a pé ou de bicicleta, eu tenho um
valor de mercado. Agora se eu aparecer num Mercedes-Benz, este valor já
aumenta. Atentem para o fato de que eu sou a mesma pessoa. No entanto, o
status que sentencia o quanto estou valendo no mercado é o produto que
me reveste. Karl Marx já havia previsto este modelo social em seus
garranchos: “Chegará o tempo em que tudo o que os seres humanos
consideram essenciais para suas almas, se tornará objeto de troca.
Virtude, amor, opinião, ciência, consciência, tudo vai virar comércio,
corrupção geral”.
O saudoso jornalista Fausto Wolff, em um de
seus ensaios para o antigo O Pasquim, invocou Karl Marx: “Hoje mais do
que nunca é preciso transformar a arena pública numa batalha campal e
exigir do exército de cabeças-pensantes deste país a decisão de
destroçar de vez com os padrões putrefatos deste sistema. Infelizmente a
esquerda não tem esse exército. Nossos cães de ataque nada mais são do
que vira-latas que passam a metade do tempo correndo atrás do próprio
rabo e cheirando a bunda uns dos outros. Por outro lado, a direita
possui uma fábrica de Pit-bulls bem treinados para atacar direto na
jugular e degolar seus inimigos”.
Karl Marx foi um economista
político, livre pensador e crítico social nascido na Alemanha à época da
revolução industrial. Suas teorias tiveram influência tanto contrárias
como favoráveis em todo o planeta. Tido como precursor da sociologia,
Marx via a sociedade como uma batalha de classes, como um conjunto de
pessoas que se cooperam e se debelam num eterno confronto. Karl Marx
sonhava com um mundo possível onde todos estes contrastes pudessem se
resolver através de consensos entre capital e trabalho, entre a avidez
pelos lucros fáceis do mercado e as precisões essenciais de todos os
cidadãos.
Todas as vezes em que numa rodada de cerveja me atrevo a
falar de socialismo, aparece um cretino dizendo que o socialismo já foi
tentado na ex União Soviética e acabou em atraso. Embora tenha sido o
maior projeto de arranjo social na história do planeta, o socialismo da
União Soviética estava tão distante de Karl Marx quanto a estrela Alfa
Centauro está distante do Planeta Terra.
Só através da justiça social o ser humano terá condições de ser feliz.
Apoio Cultural:
Coluna Almanaque: KARL MARX
Por Fábio Marques
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janeiro 07, 2019
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