Coluna Almanaque: FILOSOFIAS, POLÍTICAS E LUTAS

Por Fábio Marques
Compartilhe no WhatsApp
O Mamoré
Por -
0
Por Fábio Marques
Dado seu estado de precisão, certa feita o poeta cogitou parar de escrever. Na época tinha carradas de razões. Além de apurar os fatos, checava os informes, fazia análises conforme seu senso crítico e buscava ao máximo fazer isto à luz de uma dimensão humana para escrever para meia dúzia de gatos pingados que ainda entendiam alguma coisa do contexto de seus garranchos e outra porrada de gente metida a besta e bem servida de coisas fúteis, mas que não entendiam porra nenhuma de vida. Aí como é que o poeta iria conseguir falar de Karl Marx para gente sem cabedal para sacar que o que eles queriam para si mesmos, não era a mesma coisa que Karl Marx queria para todos os cidadãos?
Uma das coisas que o deixava puto da vida era ter que assistir alguns distintos da aldeia em que morava, que durante o dia faziam extorsões, não passavam de ladrões e safados e no descair da tarde, quase à noitinha, apareciam nos bares posando de intelectuais e pregando até ética política. Aí depois de terem tomado umas e outras, estes insignes iam embora para suas respectivas casas para darem suas respectivas trepadas com suas respectivas esposas, que os corneavam com os respectivos “pés-de-pano”. Em seguida dormiam “tranquilicalmos”.
Outra coisa que também o deixava mordido era a raiva que lhe invadia as veias pelo fracasso de suas empreitadas nesta vida fudida e que às vezes o fazia pensar em não pensar em nada. Achava que fazendo amor com a mulher que escolhera para si, esta sensação iria compensar sua depressão. Mas nem tesão para isso tinha mais. Com o advento da Internet, descobriu umas fotos antigas da ex-modelo Luiza Brunet na Revista Ele & Ela. Luiza Brunet e seus vastos pelos pubianos. De imediato teve um insight: “Não sei o que anda fazendo da vida a Luiza Brunet, mas ainda gostaria de comê-la. Mas tem o seguinte: pra eu comer a Luiza Brunet, iria ter que gastar com passagens da Eucatur até São Paulo e de lá pegar a Viação Cometa até o Rio de Janeiro. Agora vai que chegando na Guanabara, a Luiza Brunet não queira me dar. E aí? Como é que fica?”.
Mas voltando à estaca zero. Estava puto da vida e em total depressão. Sem nenhum centavo no bolso, seu consolo era ficar em casa fazendo uma coisa banal e inofensiva: Ficar coçando o saco. Isto por incrível que pareça lhe transferia uma falsa sensação de carregar o mundo nas costas e não sentir a porra do peso que havia sido este inferno.
E foi assim que acabado pelas circunstâncias da vida e consciente deste declínio procurou informar seus leitores sobre sua situação. Ainda tomava suas cervejas na base do “pindura” no Boteco do Clóvis, contava piadas, jogava na loteria, levava umas para beber em casa ouvindo músicas e também chorava de vez em quando. A verdade é que estava na lona e sem eira nem beira.
Um pouco antes de partir para as grandes caçadas nas pradarias celestes de Manitu, agradeceu aos leitores e às editorias dos jornais que vez por outra o ligavam para alertar que seus artigos estavam muito pesados e que se pudesse, fizesse as devidas mudanças.
Descanse em paz irreverente poeta, romântico e sonhador!
Apoio Cultural: 
Siga no Google News

Postar um comentário

0Comentários

Postar um comentário (0)

#buttons=(Ok, estou ciente!) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar a experiência de navegaçãoSaiba Mais
Ok, Go it!