Crônicas Guajaramirenses: Guajará, cachoeira ou Campo das Sereias?

Por Paulo Saldanha
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O Mamoré
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      Por Paulo Saldanha
      Mas, deixai, meus senhores, pois hoje desejo me expressar contra a tradução de que Guajará-Mirim tem o significado de Cachoeira Pequena.

Procuremos no Mestre Aurélio e sintetizaremos a expressão Guajará como “[Do tupi.]substantivo masculino.1.Bras. Bot. Planta da família das sapotáceas (Chrysophyllum excelsum); uajará. Ou Bras. Substantivo de dois gêneros. 1.Etnôn. Indivíduo dos guajarás, povo indígena extinto que habitava a ilha de Marajó (PA). Adjetivo de dois gêneros. 2.Pertencente ou relativo a esse povo. [Tb. us. como s. 2 g. e 2 n. (com cap.) e adj. 2 g. e 2 n.]”.

       Além do mais, quase 2.200 Km, em linha reta, nos separam dos antigos povos da Ilha de Marajó para justificarmos qualquer coincidência antropológica, biológica, logo humana. Nem que Guajará se inspira na linda baía paraense, nem deriva da pororoca ali tão exuberante, em face do grande estrondo que o rio Amazonas faz, em nome da natureza, ao se encontrar com o oceano...

        No mesmo rumo, o venerando Houaiss nos ensina que Guajará é “árvore de até 40 m (Chrysophyllum venezuelanense), da fam. das sapotáceas, nativa do Noroeste da América do Sul, de folhas coriáceas, flores amarelo-esverdeadas, em fascículos axilares, e bagas comestíveis; sorva-do-peru, sorveira-do-peru, uajará”

     Nenhum desses dois expoentes dicionaristas nacionais envereda pela tradução que, anos após anos historiadores, mestres e homens públicos dão ao nome Guajará, aqui neste Estado.

     Noutra vertente, há pesquisadores como Abnael Machado de Lima, Yeda Borzacov e Juan Carlos Avaroma, este do Oriente boliviano, que interpretam a expressão Guajará como sendo Campo das Sereias, decompondo-a como Guaya=Campo, Iara=duende anfíbio, sereia...

       Desejo crer que precisamos acabar com essa contradição, porque não existe conformidade entre as afirmações e a verdade vernacular com que ela se expande, a partir da etimologia do termo.

       Na verdade, há uma discordância, uma incompatibilidade, entre as interpretações passadas e a atual, desaparecendo quaisquer justificativas, ainda que parciais, que conciliem as partes, revelando-se imprescindível a sua correção.
 
     Homens e mulheres do meu tempo investiguemos, sem paixões e procuremos encontrar a verdade verdadeira.

      É preciso, pois corrigir o que precisa ser corrigido!
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