Mas, deixai, meus
senhores, pois hoje desejo me
expressar contra a tradução de que Guajará-Mirim tem o significado de Cachoeira
Pequena.
Procuremos no Mestre
Aurélio e sintetizaremos a expressão Guajará como “[Do
tupi.]substantivo masculino.1.Bras. Bot. Planta da família das sapotáceas
(Chrysophyllum excelsum); uajará. Ou Bras. Substantivo de dois gêneros. 1.Etnôn.
Indivíduo dos guajarás, povo indígena extinto que habitava a ilha de Marajó
(PA). Adjetivo de dois gêneros. 2.Pertencente ou relativo a esse povo. [Tb. us.
como s. 2 g.
e 2 n. (com cap.) e adj. 2 g.
e 2 n.]”.
Além do mais, quase 2.200 Km, em linha reta,
nos separam dos antigos povos da Ilha de Marajó para justificarmos qualquer
coincidência antropológica, biológica, logo humana. Nem que Guajará se inspira
na linda baía paraense, nem deriva da pororoca ali tão exuberante, em face do
grande estrondo que o rio Amazonas faz, em nome da natureza, ao se encontrar
com o oceano...
No mesmo rumo, o venerando Houaiss nos
ensina que Guajará é “árvore de
até 40 m
(Chrysophyllum venezuelanense), da fam. das sapotáceas, nativa do Noroeste da
América do Sul, de folhas coriáceas, flores amarelo-esverdeadas, em fascículos
axilares, e bagas comestíveis; sorva-do-peru, sorveira-do-peru, uajará”
Nenhum desses dois expoentes
dicionaristas nacionais envereda pela tradução que, anos após anos
historiadores, mestres e homens públicos dão ao nome Guajará, aqui neste Estado.
Noutra vertente, há
pesquisadores como Abnael Machado de Lima, Yeda Borzacov e Juan Carlos Avaroma,
este do Oriente boliviano, que interpretam a expressão Guajará como sendo Campo
das Sereias, decompondo-a como Guaya=Campo, Iara=duende anfíbio, sereia...
Desejo crer que
precisamos acabar com essa contradição, porque não existe conformidade entre as
afirmações e a verdade vernacular com que ela se expande, a partir da
etimologia do termo.
Na verdade, há uma discordância, uma
incompatibilidade, entre as interpretações passadas e a atual, desaparecendo
quaisquer justificativas, ainda que parciais, que conciliem as partes,
revelando-se imprescindível a sua correção.
Homens e mulheres do meu tempo
investiguemos, sem paixões e procuremos encontrar a verdade verdadeira.