Após dois anos e meio de investigações a Delegacia de
Polícia Federal em Guajará-Mirim juntamente com a parceria da Inspetoria da
Receita Federal, no município, conseguiu desarticular o esquema de lavagem de
dinheiro do tráfico internacional de drogas. A Operação Dracma ocorreu na manhã
desta quinta-feira, 14, com a participação de 220 policiais federais, 22
servidores da Receita Federal, onde foram cumpridos 72 mandados de busca e
apreensão em Porto Velho; Ariquemes; Ji-Paraná; Cacoal; São Miguel do Guaporé;
Ouro Preto do Oeste; Guajará-Mirim; Nova Mamoré em Rondônia e em Cuiabá (MT) e
Itaituba (PA).
Antes das 06hs os policiais federais e servidores da Receita Federal estavam espalhados em Guajará-Mirim e Nova Mamoré prontos para cumprirem os mandados
Com um quantitativo não divulgado oficialmente, o site e
jornal O Mamoré acompanhou que no total de 30 pessoas, entre empresários,
comerciantes, funcionários e até mesmo vendedores foram convidados a prestarem
esclarecimentos na Delegacia da PF. Durante a operação houveram mandados de
busca e apreensão, não tendo nenhuma prisão até o fechamento desta matéria. De
acordo com a PF, as investigação continuariam e mediante a declaração de cada
pessoa interrogada havia possibilidade do pedido de prisão. Foram apreendidos
cerca de 100 mil reais em um local, além de mais valores em espécie em real e
moeda boliviana, veículos e lanchas. A Justiça determinou 6 medidas cautelares
de afastamento da função de investigados que atuavam, principalmente na
administração/gerência de empresas, num total de 147 contas bancárias
bloqueadas, mais de R$ 70.000, 00 foram bloqueados.
Delegado Titular da PF, em Guajará-Mirim, Heliel Martins, durante entrevista a imprensa
O delegado titular da Polícia Federal, Heliel Jefferson
Martins Costa, disse que com o objeto de combater a organização criminosa que
atuava na lavagem de capitais e evasão de divisas oriundos do tráfico
internacional de drogas, além de sonegação fiscal no município de
Guajará-Mirim, foi desencadeada as investigações que resultaram na Operação
Dracma. Ressaltando que operação foi conjunto com a Receita Federal e teve o
apoio logístico do Exército Brasileiro.
O prédio do Boinas Rajadas foi utilizado para a lojística da Operação, onde os veículos, lanchas e pessoas conduzidas aguardavam serem interrogadas e o desenrolar das investigações
Ainda de acordo com Martins, foram instaurados 26 inquéritos
policiais, 36 relatórios fiscais e 86 laudos de perícia financeira que auxiliaram
na investigação e apontam que há anos grandes empresas comerciais-exportadores
do estado de Rondônia mantém atividades secundárias de captação e administração
de capitais, remessa e conversão de câmbio, direta ou indiretamente, de pessoas
físicas que se dedicam à prática do tráfico de drogas e outros crimes.
Os policiais federais e servidores da Receita Federal prontos para cumprir a busca e apreensão
Investigação
Segundo a PF, o esquema criminoso era usado para fortalecer
o tráfico de drogas, muito intenso da região por causa da fronteira próxima com
a Bolívia. Guajará-Mirim, no Brasil, e Guayaramerin, na Bolívia, são separadas
apenas pelo Rio Mamoré.
Esquema de como funcionava a lavagem de dinheiro para manter o tráfico de drogas em Guayaramerin/Bolíva
Para funcionar, as empresas vendiam, sem nota fiscal,
produtos para as cidades bolivianas. Em muitos dos casos, elas eram trocadas
por drogas. Parte dos lucros dessas grandes empresas
distribuidoras/exportadoras deveriam receber pela venda de produtos para
Bolívia, ao invés de serem repatriados, eram encaminhados diretamente a
cambistas bolivianos para fim de custódia dos valores.
Traficantes de estados do Nordeste e no Pará remeteram, de
forma sistemática nos últimos 10 anos, centenas de milhões de reais para contas
correntes em nome de pequenas empresas e pessoas físicas em Rondônia, que
realizavam depósitos sucessivos nas grandes empresas
distribuidoras/exportadoras do estado.
Veículos e lanchas apreendidos
Projeções realizadas pela Receita Federal estimam que, entre
os anos de 2009 a 2016, aproximadamente R$ 2 bilhões em mercadorias foram
retirados irregularmente pelas empresas investigadas da área de livre comércio
irregularmente, com prejuízo aos cofres públicos, pelo não recolhimento de
tributos federais, de aproximadamente R$ 300 milhões, não contabilizados
eventuais juros e multas.
Fonte: O MAMORÉ