O Brasil assiste hoje o ressurgir de tendências que parecem prescrever a concepção de um modelo ilógico de enxergar as coisas e que se associam a posições políticas de extrema direita. Este novo status quo ensaia um discurso que se disfarça sob a máscara do apego à Pátria, à religião, à família e ao Estado. Mas na verdade está mais focado é nas relações de poder e na repressão aos valores da liberdade e da consciência.
Este sistema tendencial de controle coloca em risco a cultura, a arte, o poder de crítica, as relações de amizade, distorce o mundo dos fatos e os ideais de justiça, sabota idéias, opiniões, emoções e os valores de cada um no trânsito social, censura e oprime o debate popular e o livre trânsito de idéias. Este regime que remete à sub-cultura, está a serviço de um projeto que nivela por baixo toda forma de expressão popular e sufoca qualquer vestígio de opinião contrária à psicose que é imposta aos seus súditos e acólitos. Entendem os fascistas do sistema que este é o modo mais seguro de liquidar com a consciência crítica.
Ora! É a consciência crítica que alimenta a reflexão, questiona as coisas e procura saídas viáveis para melhorar o balanço entre iguais e desiguais. O que resulta deste novo modus operandi? A ruptura da autonomia do ser humano que tem a partir daí sobre sua alma e seus valores, apenas fragmentos estéreis e restos abstratos a se decompor.
O filósofo alemão Walter Benjamim dizia não saber como reagir ao presente a não ser buscando no passado mais remoto ecos das antigas relações sociais que remetiam ao futuro gerando a utopia. Hoje está havendo ruptura entre as relações por conta da política, do sistema, do status quo. E quando não há ruptura, há vontade de ruptura. Esta vontade de ruptura nas relações acabam levando à conclusão de que esta ruptura já ocorreu. Os casais estão brigando, os amigos estão rompendo a amizade por conta da política. Este regime que ora se impõe corrompe o diálogo, afeta as pessoas, destrói amizades, massacra a cultura e coloca a ferros a liberdade.
O capitalismo selvagem faz do ser humano um sujeito egoísta que só ocupa seu tempo com lucros e ganhos negociais. O comunismo de verdade que nunca ocorreu neste planeta rezava pela cartilha de poder acenar ao ser humano a proposta de construir seu próprio destino e ser feliz livre da tirana e da ignorância. Propunha ideais de paz social e tolerância que jamais foram postos em prática. Sua doutrina pregava que o cidadão não sofreria opressão do Estado, aquele que tivesse religião não sofreria opressão da igreja e as mulheres não sofreriam opressão dos homens. Contudo, o ideário de se implantar o paraíso na Terra até hoje não foi possível nem pela ótica do cada um por si do capitalismo e nem pela ótica romântica do comunismo.
Portanto, viva o pluralismo de opiniões e abaixo o modo radical de enxergar as coisas. Viva a tolerância e abaixo o fanatismo. Viva a consciência e abaixo a subjugação dos tiranos que se utilizam de aparatos sociais e psíquicos para corromper mentes e corações. Viva o progresso humano que contribui para o bem estar de todos sem distinção de classes sociais ou cores de partidos.