A exigência era clara quando o assunto
envolviam prostituição para o rondoniense pedófilo Wolfika Sol Sol Leles, de 50 anos, natural de Guajará-Mirim: as meninas violentadas por
ele deveriam ter, no máximo, 12 anos, e não poderiam pesar mais do que 39
quilos. O homem, que se apresentava como empresário e operador do mercado
financeiro, acabou preso preventivamente em uma operação sigilosa deflagrada
pela Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), do Distrito Federal, na tarde de
sábado (08), quando deixava um motel, em Ceilândia, com duas adolescentes
dentro de seu carro.
Uma delas, de 15 anos, seria responsável
por aliciar para o criminoso outras garotas de seu círculo social. Segundo a
polícia, Wolfika oferecia entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil por cada programa com as
menores. De acordo com a investigação, quanto mais nova, mais cara custava a
relação. A fim de evitar olhares curiosos, o suspeito sempre marcava os
encontros no meio da semana, entre 17h e 18h, intercalando três motéis em
Ceilândia.
A outra menina que estava no veículo com
o suspeito tinha 14 anos e já havia sido agenciada e apresentada a Wolfika como
se tivesse 12. De estatura baixa e muito esguia, o pedófilo acreditou que ela,
de fato, teria tal faixa etária. Já na delegacia, a menor apontada como
organizadora dos encontros sexuais de Leles prestou depoimento e admitiu
participação no esquema de prostituição. Por ter idade inferior a 18 anos, foi
ouvida na qualidade de vítima.
Vida de luxo
Os investigadores da DPCA seguiam os
passos do criminoso há uma semana. No decorrer das diligências, descobriram que
o pedófilo morava com a esposa em uma suíte sofisticada no Hotel Royal Tulip,
às margens do Lago Paranoá. Ele era conhecido pelos funcionários por dar
generosas gorjetas: algumas de até R$ 1 mil. O bandido estava hospedado em um
dos quartos mais caros do estabelecimento.
Durante o cumprimento de mandado de
busca e apreensão no quarto de Leles, os agentes encontraram joias e
aproximadamente 200 notas de 100 dólares, aparentemente falsas, de acordo com
as primeiras análises. No aposento, localizaram também algumas bolsas de luxo.
A polícia, agora, quer saber desde quando o abusador vivia no hotel e quantas
vítimas pode ter feito.
O pedófilo gostava de ostentar nas redes
sociais e fazia questão de transparecer uma vida de luxo. Nas postagens, sempre
mostrava uma rotina sofisticada: jantares em restaurantes finos, viagens a
locais paradisíacos, entre outros. O acusado também dirigia carros e
motocicletas luxuosos, sempre alugados em nome de terceiros, já que responde a
processos criminais em outros estados e poderia ser identificado.
Rastro de crimes
Wolfika Leles é suspeito de aplicar
golpes em pelo menos sete unidades da Federação: Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e, mais recentemente, Roraima. Por meio de
empresas de fachada ou em nome de laranjas, o grupo comandado pelo pedófilo
oferecia propostas vantajosas para investidores no mercado financeiro, mas
pediam que os clientes dessem uma entrada em dinheiro.
Em Rondônia, ele foi denunciado por
infração ao art. 150, 1o, do Codigo Penal, crime de Violação de domicilio. A
denuncia foi recebida é de 2002. O réu foi citado por edital e não compareceu a
audiência de interrogatório designada, sendo decretada a sua revelia.
De acordo com investigações do
Ministério Público de Santa Catarina — estado onde parte da quadrilha foi presa
—, ainda em 2010, vítimas chegaram a repassar entre R$ 30 mil a R$ 188 mil aos
falsários com a promessa de ver o dinheiro aplicado render. Com a prisão de
Wolfika, a Polícia Civil do DF informou que notificará os demais estados sobre
a detenção do estelionatário. A intenção é saber se ele cometeu delitos
semelhantes em outras cidades país afora.
Fonte: O Observador e Metrópoles