Uma árvore havia caído e atingido o primeiro paciente, que
já tinha ficado desacordado e sangrava também pelo ouvido. O segundo estava
em estado ainda pior, teve uma crise epiléptica com diversas convulsões
seguidas durante todo o dia. Tudo aconteceu nessa sexta-feira, dia 5, e ambos
estavam no distrito de Surpresa, sem atendimento médico especializado e nem
mesmo transporte para o hospital mais próximo, em Guajará-Mirim. Para o
desespero dos familiares das vítimas, parecia que não havia mais o que fazer.
Mas os Doutores Sem Fronteiras estavam na região e viajavam
a caminho da aldeia Barranquilha no Barco Hospital Walter Bártolo. Ao saber da
ocorrência, a equipe foi resgatar os dois pacientes e os levou para a
embarcação, onde receberam atendimento de emergência. Com o quadro mais
estável, ambos seguiram de lancha e acompanhados pelos doutores até
Guajará-Mirim.
No trajeto final até a cidade foram mais de duas horas de
tensão. A médica Patrícia Alarcão e o dentista Felipe Machado foram os
responsáveis por cuidar dos pacientes neste trecho. “Estava escuro,
balançava, fazia frio e o paciente estava muito assustado e sem entender
direito, chegou até a convulsionar no meio do rio”, conta a doutora Patrícia,
que entregou os dois homens à salvo para a equipe de emergência dos bombeiros
em Guajará-Mirim.
A ONG
A história dos Doutores Sem Fronteiras em Rondônia começa
em 2004, quando o paulista Caio Machado, presidente da organização, veio
atender pela primeira vez no Estado. Desde então já foram várias
expedições e milhares de atendimentos gratuitos, principalmente em aldeias
indígenas e comunidades ribeirinhas. Só nos primeiros sete dias desta viagem,
foram mais de dois mil procedimentos realizados e cerca de 200 óculos doados
pela equipe, que conta com profissionais de várias regiões do país e dois
franceses.
“Pode parecer mentira ou loucura, mas a gente não cobra
nada dos pacientes e ninguém ganha nada para atender, pelo contrário, cada um
paga a própria passagem pra vir à Rondônia e ainda deixa de trabalhar em
São Paulo, ou seja, no final a gente está perdendo dinheiro e tempo com a
nossa família, mas é o nosso dever ajudar”, explica Caio Machado. Além dos
vários profissionais, os Doutores Sem Fronteiras trazem também materiais e
equipamentos de primeiro mundo: “Tem indígena aqui que recebe exatamente o
mesmo tratamento de cantor famoso ou jogador de futebol, coisa que lá na
cidade custaria mais de 30 mil reais”, completa o presidente da organização.
Os atendimentos dos Doutores Sem Fronteiras em Rondônia
acontecem em parceria com a ONG Kanindé, o DSEI Porto Velho, o Pólo Base GMI
e o Barco Hospital Walter Bártolo.
Fonte: Assessoria.