Por Paulo Saldanha
À distância nutria admiração pelo Mestre Abnael, mas não fazia parte do seu núcleo de amizades, apesar de saber do respeito e admiração que meu pai, Paulo e meu tio João Saldanha sentiam em relação a ele.
Na verdade, menino, com 8 ou 9 anos, eu o conheci em minha casa, quando visitou a cidade lindeira e foi cumprimentar a minha família; depois, anos depois, o vi novamente na casa de meus pais posto que, na condição de representante da educação no Território Federal de Rondônia, foi dar posse ao educador Herbert de Alencar, um jovem que fora designado Diretor do Ginásio Paulo Saldanha, creio lá pelos idos de 1963.
Aquele quase menino, o Hebert Alencar, revolucionou o ensino aqui na cidade motivando e integrando a juventude de forma ampla, geral e irrestrita. Aquele convenceu que era a pessoa indicada, inclusive por enxergarmos nele a competência, associada a inteligência e habilidade que tinha ao nos conduzir, garotos um tanto rebeldes...
Em 2009 fui convidado e aceito como membro efetivo da ACLER, após o que me aproximei do homem, do escritor e historiador Abnael Machado de Lima e vivo curtindo os seus papos inteligentes, que semeiam saudade, histórias e recordações.
Leio os seus textos como quem procura o manah do conhecimento, e parto a procura da história mais límpida, sedimentada na pesquisa mais comprometida com a verdade verdadeira que ele vai agenciando.
E vejo que a amizade e consideração que meu Pai e tio acalentavam, de repente ele transferiu para mim, tomando-me emprestado como um sobrinho muito querido que deseja abraçar e abençoar.
E é na condição de sobrinho postiço e de confrade que eu exalto a afeição sincera que nos move e que vai me aperfeiçoando como um dos seus companheiros, por sinal extremamente agradecido em face da retro alimentação do afeto que nos vai unindo como se letras fôssemos na formação de palavras, que juntadas fazem frases eternizando nos parágrafos da vida, na nossa trajetória, a comunhão do carinho com a excelsa honra de me conhecer também como seu irmão e curtirmos a nossa amizade agora tão próximos.
Interessante é que o Mestre Abnael Machado de Lima, é, assim como a saudosa Professora Marise Castiel, um dos ícones do ensino aqui na nossa geografia, cujos nomes deverão sempre constar no panteão dos luminares que mais se doaram a área educacional, ofertando acrisolado amor e intenso e inarredável idealismo. Dona Pretinha aqui na fronteira, as irmãs Calvarianas, a Mestra Floriza Bouez, entre outros, o Professor Carlos Costa, em Guajará-Mirim e em Porto Velho foram eloqüentes nomes na formação de diversas gerações.
Sêneca, há mais de mil anos já nos advertia “A moral mais elevada consiste na gratidão”. Que a minha e outras gerações tenhamos a sensibilidade para agradecer sempre a tantos mestres!... mas, aqui nesta citação elevo preces de vida longa ao venerando educador Abnael Machado de Lima, por sua dedicação mais extremada ao magistério e a administração educacional, pelo seu fervor, destemor, inteligência e sabedoria como exerceu a sua messe.
Agora, como entusiasmado acadêmico das letras promove seus companheiros com textos generosos, destacando as qualidades literárias daqueles que lançam suas obras, exaltando o seu papel social.
Por seu trabalho realizador o Decano Abnael Machado de Lima jamais será esquecido, posto ter sido um missionário dos mais atuantes; um sacerdote que, levando o conhecimento, permitiu o desenvolvimento de centenas de jovens e, como soldado do aprendizado foi promovido a patente de general do ensino aqui nas terras deste noroeste brasileiro, tornando-se exemplo e paradigma: exemplo de idealismo, paradigma como apóstolo disseminador de mensagens positivas para a nossa afirmação cidadã!
Que Deus continue iluminando-o, querido Mestre, ao lado de Dona Nazaré, com quem formou linda e abençoada família!