O cônsul da Bolívia no Brasil, Alexander Guzman, que
trabalha em Guajará-Mirim, relata que a situação na fronteira é preocupante,
pois as manifestações estão provocando perdas econômicas e os prejuízos serão
incalculáveis, caso providências não sejam tomadas para normalizar a situação,
que ele define como insustentável. “As paralisações vão provocar
desabastecimento, crise econômica e emocional, incertezas e perdas para os
comerciantes que se beneficiam da fronteira. Uns falam que houve fraude na
eleição e outros afirmam que tudo transcorreu honestamente”, disse.
Jacineth da Costa Freitas Lima, sócia proprietária da
navegação Guajará, participou de reunião realizada ontem, 6, na Federação
Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega), na OAB-RO, em Porto
Velho. Foram discutidos temas como o tráfico por um porto clandestino que
funciona dia e noite na fronteira Bolívia-Brasil e a construção de um porto
público. Em seu ponto de vista, sem necessidade, “pois já operamos dentro da
legalidade. Mas as autoridades do Brasil nada fazem para coibir o porto
clandestino. Os bolivianos deitam e rolam, não pagam impostos, tudo de forma
irregular. As policias Militar, e Federal, assim como a Receita Federal,
polícia de fronteira, as forças armadas brasileiras não coíbem o tráfico feito
ali”, denuncia.
Quanto aos conflitos na Bolívia, relata a empresária, tem
trazido muitos prejuízos. “Muito grave mesmo. Fora o descaminho de mercadorias
todo dia. Os taxistas e moto-taxistas, todo mundo no prejuízo. Porque tem
bolivianos carregando passageiros na carroceria de carros clandestinos”,
afirma.
Chama a atenção que a Receita Federal, o Exército, a
Marinha, a Polícia Federal, só fiscalizam os que passam pelo porto oficial. Ou
seja, quem está ilegal, não é incomodado. Bolivianos dirigem carros ilegais,
sem habilitação e ninguém faz nada. Mas, as blitzes contra os motoristas brasileiros
são constantes. Temos que tomar alguma medida. Eles inclusive usam barcos e
rotas fluviais proibidas, sem nenhum tipo de fiscalização
Na reunião, foram entregues documentos com denúncias para
comandante geral da Marinha Brasileira, em Porto Velho. A empresária e demais
interessados também se reuniram com a Comissão de Segurança Pública, da
Assembleia Legislativa de Rondônia.
À comissão, foram apresentadas a denúncia de operações em
portos clandestinos em Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia, onde em plena
área urbana, há portos clandestinos, onde circulam pessoas, inclusive menores
para prostituição, travessia de produtos sem nenhuma fiscalização.
O presidente da Comissão de Segurança, deputado estadual
Anderson Pereira, disse que a situação é preocupante. “Não podemos permitir
esse absurdo, na nossa cara, e ninguém fazer nada. Vamos aprovar o convite para
representantes das instituições federais virem a esta Comissão, para tratar do
assunto”, completou o parlamentar.
De um lado, os trabalhadores apoiadores de Evo Morales,
presidente reeleito da Bolívia, em primeiro turno, sob fortes denúncias de
fraudes do processo eleitoral. De outro, os moradores de grandes cidades se
mobilizaram contra os resultados eleitorais. Os protestos duram mais de duas
semanas transformando o país num caos. Bloqueios de ruas e estradas em diversos
bairros da capital boliviana, La Paz, e também em Cochabamba e Santa Cruz de La
Sierra.
O sindicato de trabalhadores agrícolas fechou estradas em
apoio ao atual presidente boliviano. Em Achumani, bairro ao sul de La Paz, os
moradores fecharam a principal via com paus, entulho, cordas e até móveis para
impedir o trânsito de veículos. Houve conflitos entre motoristas do serviço
público que tentavam normalizar o tráfego e manifestantes. A polícia lançou gás
lacrimogêneo para dispersar a população local.
O prefeito de La Paz, o opositor Luís Revilla – aliado
político de Carlos Mesa, candidato que perdeu para Morales e denunciou a fraude
eleitoral – disse à imprensa que o movimento popular é pacífico.
Houve confrontos em Cochabamba entre manifestantes que
bloqueavam ruas e os cidadãos que se opõem à medida. Nas cidades de Santa Cruz
de La Sierra e em Potosí, houve parada total das atividades mineradoras.
Fonte: expressaorondonia.com.br