Invasores de terra armaram uma emboscada contra policiais
que faziam uma fiscalização no Parque Estadual Guajará-Mirim, na região de Nova
Mamoré (RO). A operação começou na semana passada e encerrou na segunda-feira
(19) com a participação da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental
(Sedam), Polícia Civil e PMA. Ninguém se feriu na emboscada.
Emboscada contra policiais em operação para combater invasões de terra em Rondônia |
Segundo boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar
Ambiental (PMA), a equipe de fiscalização adentrou no parque e descobriu que o
local estava sendo desmatado constantemente por suspeitos que, além de derrubar
a floresta, vendem os lotes a terceiros para criar gado.
Logo após entrar no interior do parque, a equipe avistou
dois motociclistas, que imediatamente empreenderam fuga por um 'carreador'. A
viatura continuou se deslocando pela reserva e então os agentes ouviram fogos
de artifício sendo disparados (uma forma de avisar invasores que a polícia está
fiscalizando a área).
Na ocasião, de acordo com a PMA, os policiais subiram um
drone e, através da câmera, foi possível avistar mais pessoas dentro do parque.
A equipe de fiscalização continuou o trajeto a pé e logo
localizou um barraco, construído há poucos dias. Dentro do barraco havia três
pessoas, sendo um casal e a filha (menor de idade). O pai da criança contou os
policiais que é dono de cinco lotes dentro parque e está desmatando a área há
mais de cinco anos.
Enquanto conduzia o suspeito, a esposa dele e a filha, a
equipe policial foi surpreendida por várias árvores cerradas para impedir a
passagem da fiscalização. Segundo a polícia, algumas toras foram cortadas no
intuito que caíssem sobre os policiais enquanto estivessem passando pelo
'carreador'.
"A infelicidade de sermos emboscados por elementos que
estavam dentro da mata, dos quais cortaram toras, cortaram árvores para que
pudessem cair em cima da equipe policial e essas árvores, como é sabido, são
árvores gigantes que impediam nossa passagem", diz o delegado Vinicius
Lucena.
Foram contabilizadas mais de 15 barreiras dentro do parque,
todas para atrapalhar o trabalho de fiscalização ambiental. Por causa disso,
toda equipe policial foi obrigada a caminhar por dentro de mata fechada.
Quando anoiteceu, de acordo com a PMA, houve baixa
visibilidade e diante da ameaça de emboscada, os policiais ambientais e Civis
precisaram dormir na floresta e esperar o dia amanhecer. Ainda durante a noite,
os policiais de dentro da mata conseguiram se comunicar, via rádio, com o
restante da equipe que estava guarnecendo em viaturas na área externa do
parque.
Na ocasião, os policiais das viaturas informaram aos colegas
que estavam sendo cercados por cerca de 50 pessoas encapuzadas, todas em
motocicletas. Os suspeitos diziam para os agentes irem embora do parque sem
apreender ou levar nada dos invasores, pois se não os carros oficiais seriam
queimados.
Depois de caminhar várias horas, os policiais que estavam
dentro da mata conseguiram sair do parque, empurrando as duas motocicletas e
conduzindo a família de invasores que estava no barraco. Ao cruzar o rio, a
equipe policial foi surpreendida por cerca de 60 pessoas encapuzadas.
Alguns dos encapuzados estavam de moto e outros a pé. Eles
então começaram incitar os fiscalizadores, afirmando que iriam queimar as
viaturas com os policiais dentro.
Ainda segundo boletim de ocorrência, foi dado ordem policial
para que os encapuzados liberassem a passagem da guarnição, mas o grupo não
obedeceu e passou a jogar pedras nas viaturas e também parar com motocicletas
no caminho da polícia.
A polícia diz que tentou diálogo com os suspeitos, mas eles
continuaram investindo contra a equipe. Neste momento foi disparado spray de
pimenta e disparado armas de calibre 12, no intuito de dispersar os invasores
de terra. Ninguém se feriu. Segundo a polícia, o grupo queria 'arrebatar' a
família que estava sendo conduzida pelos agentes e também as motos apreendidas
no interior da reserva.
Quando a polícia conseguiu dispersar o grupo e seguir
viagem, a equipe encontrou uma das pontes derrubadas. Segundo boletim policial,
os invasores derrubaram a estrutura de madeira para que os fiscalizadores
ficassem sitiados no local, perto do parque Guajará-Mirim, mas a equipe
conseguiu outro trajeto para chegar na cidade.
Consta no boletim de ocorrência que o pai da família,
conduzida desde o barraco encontrado no parque, foi apresentado na Polícia
Civil de Nova Mamoré. As duas motos apreendidas também foram entregues à
delegacia.
O parque estadual Guajará-Mirim tem mais de 250 mil
hectares. Para continuar combatendo o desmatamento, homens do exército também
atuam na região do município de Nova Mamoré.