Por Fábio Marques
O jornalista no exercício de sua profissão enfrenta todos os dias uma complexa realidade política e social muito difícil de explicar através de macetes simplistas. O jornalista não pode ser nunca um mero transmissor que trabalha na superfície das notícias, um sujeito oculto com aparatos e recursos de tecnologia que apenas se limita a repetir o que dizem os outros, sem se interessar sobre aquilo que propaga e sobre as conseqüências sociais de sua informação. O jornalista tem que ter espírito crítico e aprender a pensar com a própria cabeça.
Guajará-Mirim, dada a reviravolta política dos últimos tempos, hoje precisa de um jornalismo mais profundo, que se coloque no âmago da verdade e da justiça, que seja crítico e que vá direto nas causas, no cerne da questão essencial. Um jornalismo com estes apetrechos contribui para a democracia, para a paz social e para a estabilidade política. Este jornalismo tem que ser contextual e valente para denunciar os atropelos e os abusos do poder; mas também com coragem para reconhecer os erros que se cometem no exercício da profissão.
Quem trabalha com a informação, trabalha com o público e para o seu público. E por este público deve estar em direto contato com o cotidiano e viver ligado à verdade. O respeito à verdade é função primordial do jornalista. Toda razão de ser do jornalismo reside nos informes para este público de tudo que é útil e que lhe importa conhecer, da difusão do bem, da estima, do respeito à pessoa humana, da justiça e da crítica pública dos abusos do Poder.
Jornalismo é presença, testemunho, atitude, paixão, ética e responsabilidade. É através dele que os jornalistas conseguem gerar fatores de crédito e confiança junto à população, pois a maioria do povo ainda confunde os jornalistas como sujeitos que irão resolver os problemas de justiça, de melhorias em seus bairros e outras demandas setoriais.
Se você é jornalista, você não é apenas um trabalhador. Você está lidando com comunicação, e isso tem conseqüências morais. É mister colocar em realce que nenhum jornalista deve prestar-se a ser cúmplice com o seu silêncio como ocorreu esta semana quando um episódio abominável que envolveu duas figuras públicas da política local acabou passando batido pela maioria da imprensa do radio-jornalismo. Como reles capachos submissos, estes “baluartes” pecaram pela omissão dos fatos. Faltaram com a verdade e com a justiça.
É sabido que existe muita gente mal intencionada que se aproveita que os jornalistas, que maioria das vezes são mal remunerados, para tentar corrompê-los. Só que também existe gente de muita valia na imprensa que não se deixa subornar, e são estas pessoas que devem irradiar esses princípios a seus demais colegas.
Com raras exceções, Guajará-Mirim ainda está contando com alguns colegas de profissão que merecem o maior respeito pela ética com que empunham sua bandeira: Minerva Soto, Ronivon Barros, Aluízio da Silva, Rivan Eguez e Josimar Mandiba. Quanto aos outros, e a mim também, ainda temos muito que aprender.
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