PORTO
VELHO/RO – A
Polícia Federal, em ação conjunta com a Agência de Investigações de Segurança
Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados
Unidos em Brasília, deflagrou na manhã desta segunda-feira (13/02/2023), a
Operação YANKEE, visando o combate aos crimes de organização criminosa, contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro.
A investigação
foi iniciada em junho de 2021 a partir de informações encaminhada pelo
Oficialato de Ligação da Polícia Federal em El Paso/Texas-EUA, noticiando a
identificação de brasileiros vinculados ao Estado de Rondônia e envolvidos em
esquema ilícito de contrabando de pessoas com destino aos Estados Unidos, por
intermédio de organização criminosa sediada nesse Estado.
A partir do
recebimento das informações, a Polícia Federal passou a monitorar os alvos e uma
empresa aérea pertencente ao grupo, responsável por toda a logística de emissão
de passaporte, compra de passagens e auxílio nos voos dos migrantes com destino
ao México, de onde atravessam a pé para os Estados Unidos.
Ao longo dos
meses de investigação foi possível identificar centenas de pessoas, a maioria
residentes no Estado de Rondônia, que conseguiram ingressar em território
americano com o apoio dos denominados “coiotes”.
Além da
atuação nesse Estado de Rondônia, a organização criminosa contava com membros
em outras unidades da federação e, inclusive, em território americano,
responsáveis por receber aqueles que conseguiam cruzar as fronteiras de forma
ilegal.
Por outro
lado, mesmo com o pagamento dos valores cobrados, muitos desses migrantes não
conseguiram cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos, sendo detidos e
deportados para o Brasil.
Cabe relembrar
que em setembro de 2021, uma brasileira de
49 anos, residente no Estado de Rondônia, morreu durante a travessia após ter
sido abandonada pelos “coiotes”. Em dezembro do mesmo ano, outro caso chocou as
autoridades brasileiras. Uma brasileira foi resgatada após ter sido deixada à
beira da morte por um grupo de coiotes, que a atacaram, roubaram e violentaram.
Com a devida
autorização da Justiça, a Polícia Federal obteve, através do afastamento dos
sigilos dos investigados, elementos probatórios que comprovam a atuação da
organização criminosa e os ganhos financeiros obtidos com a promoção ilegal da
migração, visto que cobravam elevados valores pelo auxílio na viagem, com a
transferência de veículos e imóveis para os investigados e até mesmo com a
emissão de notas promissórias.
Foi possível,
assim, identificar os integrantes da organização criminosa, tanto no Brasil
quanto nos Estados Unidos, que utilizavam uma empresa de viagens e turismo em
Buritis/RO para operacionalizar o esquema e lavar o dinheiro recebido
ilicitamente.
A Agência de
Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da
Embaixada dos Estados Unidos em Brasília compartilhou informações e colaborou
com a Polícia Federal do Brasil ao longo da Operação YANKEE, como parte da
cooperação policial de longa data entre autoridades norte-americanas e
brasileiras.
A Polícia
Federal analisou as contas bancárias da organização, verificando uma
movimentação superior a R$ 16.500.000,00 (dezesseis milhões e quinhentos mil reais)
entre 2017 e 2021, dinheiro esse decorrente dos pagamentos dos migrantes pela
atuação do grupo criminoso.
Para a
continuidade das investigações, a 3ª Vara Federal Criminal da Subseção
Judiciária de Rondônia deferiu a expedição de 10 (dez) mandados de busca e
apreensão, a serem cumpridos nos Estados de Rondônia, Amazonas, Tocantins e
Goiás, além da prisão da prisão preventiva de 05 (cinco) investigados e a
prisão domiciliar de uma pessoa.
A Justiça
autorizou a inclusão dos mandados de prisão na Difusão Vermelha da Interpol visando
o cumprimento também nos Estados Unidos, além do bloqueio de R$ 8.225.201,27 (oito
milhões, duzentos e vinte e cinco mil, duzentos e um reais e vinte e sete
centavos)
Foram
apreendidos dispositivos eletrônicos, documentos, bens de valor e armas de
fogo, que serão periciados pelo Setor Técnico-Científico da Polícia Federal,
podendo ainda revelar outros crimes praticados pela organização criminosa.
A prisão de um
dos líderes da organização foi acompanhada por agentes da Homeland Security
Investigations – HSI, contando com o apoio de transporte aéreo do GRUPO DE
OPERAÇÕES AÉREAS do CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE RONDÔNIA para o cumprimento do
mandado em local de difícil acesso, e de apoio logístico das Polícias Civis de
Rondônia e do Amazonas.
Até o momento
foram identificadas 444 vítimas de contrabando de pessoas no período
compreendido entre 2019 e 2022, podendo esse número subir de forma
significativa com a análise dos materiais apreendidos.
Os suspeitos ficarão
à disposição da Justiça Federal e responderão pelos crimes de organização
criminosa, contrabando de migrantes e lavagem de
dinheiro, cujas penas somadas podem ultrapassar 23 anos de reclusão.
Yankee, nome
dado à operação, é uma palavra do idioma inglês, usada para descrever uma
pessoa estadunidense ou que reside em Nova Inglaterra ou, mais amplamente, dos
estados do norte em geral, objetivo de muitos migrantes ilegais.
Fonte: PF/RO