A equipe foi composta por 4 docentes, de maneira multidisciplinar (Informática, Filosofia, Biotecnologia e Educação Física), com distintos interesses em que puderam mapear e compreender a realidade para a futura realização de projetos de pesquisa, ensino e extensão. Os docentes avaliam que a atividade de visita realizada foi de fundamental importância para ampliar os laços institucionais com a comunidade local e com a floresta amazônica. “A maior parte do território de Guajará-Mirim é constituído por unidades de conservação, e devido a essa característica é fundamental que o IFRO esteja ligado fortemente com as comunidades que vivem nessas unidades e com a grande biodiversidade local”, explicam.
Conforme a Professora Geane Tavares, a parceria com a reserva já vem sendo desenvolvida desde 2021. O Campus Guajará-Mirim realizou o projeto “Reestruturação de laboratório e capacitação em informática para acesso à comunicação, formação inicial e empreendedorismo das comunidades residentes na Resex Rio Pacaás Novos”. Também vem sendo promovidos constantemente seminários e rodas de conversas com intuito de apresentação de demandas da Resex à comunidade acadêmica.
“Mantemos também a presença no Conselho Deliberativo da Resex. Temos tentado cada vez mais estreitar as relações com os gestores e moradores da Resex, pois acreditamos que é um dever do Instituto olhar de perto e estar presente na vida desta comunidade ajudando em seu desenvolvimento sustentável para que assim possamos manter tais áreas protegidas e toda sua biodiversidade a salvo, bem como contribuir com pesquisas fomentadas pela comunidade acadêmica”, destaca Geane.
Para a Professora de Ciências Biológicas e Biotecnologia, Nathália Araújo, a floresta é uma farmácia. “Encontramos a floresta de pé, viva e preservada, é como um armário cheio de moléculas a serem estudadas. Aqui abre-se diversas possibilidades de trabalho, desde a Zoofarmacognosia a Etnobotânica. A visita nos proporcionou esse vislumbre de atuação junto à comunidade de uso consciente dos recursos florestais”. A docente ainda complementa: “temos no IFRO Guajará-Mirim o curso superior em Ciências Biológicas e vislumbramos a possibilidade de atuação dos nossos alunos junto à comunidade desenvolvendo trabalhos de curricularização da extensão”.
O Coordenador do Núcleo Nedet/IFRO/Guajará, Alexandre Hudson, aponta que essa é a continuidade de muitas ações com as quais se pretende estreitar os laços entre o Instituto Federal e esse importante modelo de conservação e desenvolvimento territorial que são as reservas extrativistas.
A Resex
A Reserva Extrativista Estadual do Rio Pacaás Novos, localizada em Guajará-Mirim, foi criada em 1995, e possui uma área equivalente a mais de 342 mil campos de futebol. No município, 41,57% do território é demarcado em Terras Indígenas e 50,49% protegido em Unidades de Conservação, isto é, mais de 90% do território guajará-mirense é constituído por áreas protegias, incluindo os Parques Nacionais (Parna), as Reservas Extrativistas (Resex), Reservas Biológicas (Rebio) e Parque Estadual. Parte considerável do território é composto por reservas extrativistas.
São dez unidades de conservação no território: Parna de Pacaás Novos, Parna da Serra da Cutia, Resex Barreiro das Antas, Resex do Rio Cautário, Resex Rio Ouro Preto, Parque Estadual de Guajará-Mirim, Rebio estadual Rio Ouro Preto, Rebio Estadual do Traçadal, Resex Rio Pacaás Novos e Resex Estadual Rio Cautário. Resex é um local protegido cujo objetivo é a proteção dos meios de vida e a cultura de populações tradicionais, bem como assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da área.
No caso da Resex Estadual Rio Pacaás Novos, vivem cerca de 50 famílias que possuem diversas demandas, como geração de renda local, letramento e energia elétrica. Também serviços de saúde e educação adequados são reinvindicações dos moradores. A maior parte da comunidade vive do extrativismo da castanha e de pequenas produções alimentícias, há ainda um recomeço de extração de látex das seringueiras. Nesse contexto, o Instituto Federal de Rondônia, Campus Guajará-Mirim, inserido na realidade local, pode se aproximar e apoiar as comunidades tradicionais, além de propiciar projetos que envolvam a floresta por meio dos núcleos de extensão, e projetos de pesquisa e ensino.
Para a visita à Resex, a Sedam-RO disponibilizou embarcação para deslocamento, uma vez que pode ser realizado apenas pelo rio. A Secretaria Estadual disponibilizou, ainda, estrutura para alojamento em duas bases de apoio: a base 1 na comunidade de “Encrenca” e a base 2 na comunidade de “Santa Margarida”. Ambas as bases possuem estrutura necessária para equipes que venham a desenvolver projetos na reserva.
Fonte: Assessoria