“Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade tanto horror perante os céus?! (Castro Alves)
Na viagem aterrorizante, de gritos agonizantes e lamentos de dor, deixavam para trás, arrancados como bichos de seus terrões sagrados, sem a mínima certeza de que um dia voltariam para seus baobás, símbolo inquebrantável da força do povo africano.
A escravidão no Brasil foi cruel e desumana e suas consequências mesmo passados mais de 135 anos da abolição ainda são perceptíveis. A pobreza, a violência e a discriminação que afetam os negros no Brasil são um reflexo direto de um país que normalizou o preconceito contra esse grupo e o deixou à margem da sociedade negando o acesso a terra, a educação, a participação política e a emancipação durante décadas da República Nascente.
Ao longo dos 300 anos de existência do tráfico negreiro, cerca de 4,8 milhões de africanos|4| foram trazidos para o Brasil, o que significa que nosso país foi o que mais recebeu africanos para serem escravizados ao longo de três séculos em todo o continente americano.
A violência praticada sistematicamente contra os escravos tinha o objetivo de incutir-lhes o temor de seus senhores e impedir que fugas e revoltas acontecessem. No caso das escravas, a violência ganhava outra dimensão, pois além de tudo que sofriam em relação ao trabalho, ainda eram vítimas de estupros frequentes, praticados por seus senhores e feitores.
Os escravos rebeldes ou os que cometessem algum delito (por menor que fosse) poderiam receber punições pesadas. Entre as punições praticadas contra os escravos, podem ser destacados os açoitamentos. Muitos dos escravos punidos com o açoite eram castigados com 300 ou mais chibatadas – o suficiente para levar um ser humano à morte.
O historiador Thomas Skidmore resgatou um relato que afirma que “por ofensas insignificantes jogavam seus escravos vivos na fornalha, ou os matavam de várias maneiras bárbaras e desumanas” |5|. A forca e o envenenamento também eram formas utilizadas para executar os escravos.
PUBLICIDADE
É impressionante a memória de nosso povo, a data passa quase despercebida, a maioria das escolas não faz nada! Temos uma dívida imensurável com os afrodescendentes, depois de mais de quatro séculos de escravidão e da construção de um país pluriétnico, multicultural e de um sincretismo religioso apaixonante, o mínimo que temos que fazer é preservar a história desse povo, sua memória, suas tradições e a grandeza dessa raça e oportunizar as condições necessárias para seu desenvolvimento como brasileiros e brasileiras!!
São 135 anos de luta e resistência. Em toda nossa história (colonial, imperial e republicana), os africanos e seus descendentes tiveram um papel fundamental na construção do Brasil. Foram quase quatro séculos de escravidão, uma parcela significativa da população brasileira é afrodescendente, a maior fora da África, a herança está na raça, na língua Banta e Iorubá, na culinária, na religião, nas grandes construções, no samba, nas danças e na construção de uma sociedade plural e inigualável.
Por tudo que fizemos e por tudo que passamos não podemos abrir mão dessa tão sonhada LIBERDADE!! Viva o 13 de Maio!!
Professores e Historiadores Patrícia Marchi e Alex Duarte