Extração criminosa de madeira é uma das principais preocupações na TI Karipuna. |
Desde o início da operação, a ABIN tem mantido oficiais de
ligação permanentemente na base da operação em Nova Mamoré, fornecendo
informações que contribuem para o planejamento da operação; intermediando a
troca de dados entre os demais órgãos participantes. A Agência também coopera
para integrar incursões e sobrevoos de reconhecimento na TI com objetivo de
identificar acessos clandestinos e indícios de cometimento de ilícitos
ambientais; além de analisar prováveis cenários de desdobramentos da operação.
A ABIN contribui com a desintrusão da TIKA desde seu
planejamento. Antes do início da operação, a Agência assessorou as estruturas
da Presidência da República de coordenação da ação por meio de Relatórios de
Inteligência. Além de construir um amplo panorama acerca da Terra Indígena, a
Agência realizou o reconhecimento das principais áreas de interesse no entorno
da TI e a análise dos riscos envolvidos na operação.
Consolidada a desintrusão, será iniciada a fase de
pós-desintrusão, na qual o governo promoverá ações diárias de monitoramento e
patrulhamento, com o intuito de impedir a reentrada de invasores. Nessa fase, a
ABIN contribuirá com as medidas adotadas de modo a buscar a garantia do
usufruto daquele território exclusivamente para seu povo originário.
Dados da operação
Uma das maiores preocupações da operação é coibir a atuação das organizações ligadas à extração criminosa de madeira, que levou a TIKA a se tornar uma das mais desmatadas dos país, na 16ª posição.
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Das 152 ações planejadas, 149 já foram realizadas. O balanço da primeira fase da operação traz, entre os resultados, a apreensão de 54 metros cúbicos de madeira; a destruição de uma balsa e 18 pontes; o fechamento de 38 acessos clandestinos e a inutilização de 23 edificações que serviam de suporte para a prática de ilícitos ambientais. A previsão é que a segunda fase da operação de desintrusão siga até o fim de julho.
No fim de junho, ponte de acesso à aldeia dos indígenas Karipuna foi destruída, em possível retaliação de infratores à operação de desintrusão. A ponte fica a 12 quilômetros da aldeia e é a única forma de acesso terrestre ao local. A reconstrução foi realizada em cinco dias, e envolveu agentes federais do Exército Brasileiro, Ibama e Funai.
Os Karipuna sofreram com um processo de contato forçado no qual sobreviveram apenas quatro indígenas. Atualmente, o povo conta com 42 membros, representando uma das menores populações indígenas do país, ainda sob risco. O processo de desintrusão visa resguardar a vida dos indígenas Karipuna e assegurar seu direito exclusivo ao uso do território de posse tradicional.